Senti-me cansado de estar deitado num sofá que me trazia apenas recordações de um passado que recordo a espaços, quando me roubam uma parte de mim com perguntas sobre uma adolescência que passou há tão pouco tempo; e que digo não querer que ela vá embora mesmo sendo uma sombra que persigo a custo e que não atinjo - já lá vai pequena e escura no horizonte.
Oiço a "Clocks" e a "The Scientist" dos Coldplay e lembro-me de todas as outras vezes em que estive deitado num outro sofá passado, a ouvi-las desenhando no bloco da imaginação o meu mundo de hoje (sentado a uma mesa a discutir política com professores mais velhos e no coffee-break citar Locke, Foucault e Rawls... velhos sonhos - sempre possíveis de alcançar). E sentir medo de um dia me sentir adulto e de ser atirado às feras de uma sociologia individual que me queria apenas formatar - "tens que ser um bom profissional", como se não houvesse nada mais na vida a ser.
Fui-me arranjar para ir ao Jumbo comprar vodka e um whisky relativamente de jeito, que com a Queima à porta tem que se beber em grande, se não for em qualidade ao menos que seja em copo! Enquanto me olhava a última vez ao espelho para ver se a gola e os cabelos estavam no sítio, lembrei-me de repente das pessoas nos hipermercados alemães, muitas vezes descalças, às vezes com calças de pijama até. Ri-me com um suspiro nasal, e uma ligeira mudança na orientação labial que se deslocou para a direita, do ridículo rótulo que me poriam se fosse assim para o DV (porque em Coimbra se fala por siglas e eu as vou aprendendo - Dolce Vita).
Antes de ir às bebidas, passei na Jumbo Box para comprar um bloco de folhas de linhas que gosto de pôr no meu dossier da AAC - Associação Académica de Coimbra - para poder passear orgulhosamente com ele na mão. Coisa de caloiro que espera ansiosamente por uma pasta!
Enquanto vagueava na zona do material escolar, dei conta de uma senhora elegante que levava pela mão um miúdo. No ambiente que pairava no ar, soou, de súbito e ironicamente pelo momento anterior e presente, "Viva La Vida". Olhei para o lado e estava o miúdo a rodar com força um globo daqueles que têm os países em cores diferentes, com as capitais devidamente assinaladas. Procurou a mãe com a cabeça e, depois de a vislumbrar no corredor perpendicular, correu com o globo na mão e com um riso estridente:
- Mamã, tenho o mundo na mão...!
Oiço a "Clocks" e a "The Scientist" dos Coldplay e lembro-me de todas as outras vezes em que estive deitado num outro sofá passado, a ouvi-las desenhando no bloco da imaginação o meu mundo de hoje (sentado a uma mesa a discutir política com professores mais velhos e no coffee-break citar Locke, Foucault e Rawls... velhos sonhos - sempre possíveis de alcançar). E sentir medo de um dia me sentir adulto e de ser atirado às feras de uma sociologia individual que me queria apenas formatar - "tens que ser um bom profissional", como se não houvesse nada mais na vida a ser.
Fui-me arranjar para ir ao Jumbo comprar vodka e um whisky relativamente de jeito, que com a Queima à porta tem que se beber em grande, se não for em qualidade ao menos que seja em copo! Enquanto me olhava a última vez ao espelho para ver se a gola e os cabelos estavam no sítio, lembrei-me de repente das pessoas nos hipermercados alemães, muitas vezes descalças, às vezes com calças de pijama até. Ri-me com um suspiro nasal, e uma ligeira mudança na orientação labial que se deslocou para a direita, do ridículo rótulo que me poriam se fosse assim para o DV (porque em Coimbra se fala por siglas e eu as vou aprendendo - Dolce Vita).
Antes de ir às bebidas, passei na Jumbo Box para comprar um bloco de folhas de linhas que gosto de pôr no meu dossier da AAC - Associação Académica de Coimbra - para poder passear orgulhosamente com ele na mão. Coisa de caloiro que espera ansiosamente por uma pasta!
Enquanto vagueava na zona do material escolar, dei conta de uma senhora elegante que levava pela mão um miúdo. No ambiente que pairava no ar, soou, de súbito e ironicamente pelo momento anterior e presente, "Viva La Vida". Olhei para o lado e estava o miúdo a rodar com força um globo daqueles que têm os países em cores diferentes, com as capitais devidamente assinaladas. Procurou a mãe com a cabeça e, depois de a vislumbrar no corredor perpendicular, correu com o globo na mão e com um riso estridente:
- Mamã, tenho o mundo na mão...!