Wednesday, August 29, 2007

Pertencer

Embrulhado o dia, pois que se não de boa surpresa pelo menos de inesperada aparição nos aparece cada momento futuro.
E escondida no embrulho do dia apareceste-me hoje quase na escuridão do tempo, claridade ténue das nove, surpresa não esperada, não te queria ver. Se até da fugaz visão te indesejava, quão potenciado foi o desagrado pelo convite de te acompanhar no passeio ao apagar do sol que nao consegui recusar.
Tive e tenho dúvidas no que sinto, se ódio ou amor, por ti. Tive e tenho dúvidas por quem, por ti ou pela minha imagem de ti, o sinto. A conversa puxa-me alienado rua acima para o jardim. Falas no teu sorriso cor de rosa a tudo que me faz ver-te indiferença no acto de sorrir quando este para mim é o limiar superior da minha satisfação.
Sentamo-nos e falas indiferente ao nosso passado, como se nada tivesse havido entre nós, bons amigos apenas esperas, não imaginas o que isso magoa. Odeio profundamente a indiferença!, sim, olho-te seco e frio com vontade de desviar o olhar a todo o instante, mas o ódio não é outra coisa que não a insatisfação de não te ter.
A vontade de te beijar é-me dada pela compreensão que me dás de que o queres também. Mas a relação não é a que anseio. Não pode ser como quero, então quero-te afastar. Mas tenho pena, porque gosto de ti.
Olho para ti e vejo duas pessoas. Duas imagens, a que amo e a que odeio. E não és nenhuma delas. És tu apenas e sempre tu. Regressaste a casa. Para mim serás sempre imagem.
Pertences-te.
Pertenço-me.

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