Hora morta pela vontade, pela falta dela, que tardou em aparecer ofegante no vaguear das ruas semipreenchidas. O olhar centra-se para dentro inóspito do que o rodeia. Mecanizado no passeio, cinge-se à trajectória que lhe tomam os pés, indiferente à Teoria dos Grafos, que lhe desculpe Euler, não interessa quantas vezes passa pelo mesmo lugar se aquele mesmo lugar lhe apetece atravessar muitas vezes.
Filipe passeia o seu diletantismo natural, surdo às vozes que o rodeiam, para ele a voz não serve para regatear, fazer birra ou conversar sobre o vazio. Também não sabe para que serve bem, ridículo por concluir sem argumento, é assim que chegamos à maior parte das nossas conclusões. Porque queremos que assim seja.
Tropeça na entrada da livraria, bem feito, só quer ler e não comprar, pega nos livros de sempre e folheia e pudesse ele encontrar a página a que anseia no momento!
Sai e prossegue o caminho. Uma mão o toca no ombro, um sorriso se estende nas faces, não há consanguinidade corpórea, mas há-a da alma, Filipe e Sofia.
E abraçam-se.
E usa a voz.
E diz que a ama.
4 comments:
Os nossos lugares devem ser atravessados muitas vezes.
Por isso são nossos.
E eu digo que gostei.
Abraço
free...
gostei do estilo da sua escrita. muito madura, muito sentida.
bjinho
alma
Pedro,
pensei que teria abandonado o seu canto público. Fico contente por verificar que me enganei.
Aquele abraço.
Vou aparecendo sempre que a vontade mo permite.
Abraço ;)
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