Batia com um enorme estrondo, que fazia ranger as paredes e o tecto e, por vezes, acelerava o meu coração a um ponto vertiginoso. Era uma porta estranha, tem de se dizer. Alternava entre a euforia tresloucada e a calmaria contagiante. Eu ficava ali, especado, a olhar horas e horas para a porta, vendo a sua transfiguração completa; a sua superfície lisa escondia inúmeros segredos, que eu nem me atrevia sequer a tentar desvendar, o homem não é mais do que a soma dos seus segredos, pois estes sempre carregam o que é genuíno e puro. Eles são a verdade que nós nunca saberemos (de que vale procurar a verdade?). Porém, por mais segredos que aquela porta possuísse, eu não conseguia parar de a fixar, havia qualquer coisa que me prendia a ela, que me aspirava os pensamentos e emoções. Era inegável, pelo menos para mim, que havia um elo de ligação entre nós.
Como um homem também se mede pela sua coragem, assim me têm dito, num momento de descontracção, avancei para a porta, determinado a saber o que havia por detrás dela. Esse mistério eu tinha de resolver. Deslizei a mão pela sua superfície, assimilando os seus segredos, com mil imagens e sensações a entranharem-se no meu corpo, rasgando e unindo, provocando o choro e o riso. Senti-me livremente preso e tristemente alegre e nunca me tinha sentido assim tão vivo! Abri de rompante a porta e a verdade projectou-se nos meus olhos e eu não estava preparado para isso. Do outro lado encontrava-se a minha vida, acenando-me energicamente. Ali estava ela, cheia de tons negros e claros, a transbordar de cheiros divergentes e com diferentes texturas. Era uma vida de contrastes, como todas as outras, mas encontrava-se à minha frente, à espera de que eu a fosse viver. Olhei para trás de mim e só vi o vazio, escuro e monótono. Como escolher entre o refúgio do vazio e os contrastes de uma vida vivida? Como saber optar entre viver e não viver?
Quando dei por mim, já tinha passado para lá da porta.
Como um homem também se mede pela sua coragem, assim me têm dito, num momento de descontracção, avancei para a porta, determinado a saber o que havia por detrás dela. Esse mistério eu tinha de resolver. Deslizei a mão pela sua superfície, assimilando os seus segredos, com mil imagens e sensações a entranharem-se no meu corpo, rasgando e unindo, provocando o choro e o riso. Senti-me livremente preso e tristemente alegre e nunca me tinha sentido assim tão vivo! Abri de rompante a porta e a verdade projectou-se nos meus olhos e eu não estava preparado para isso. Do outro lado encontrava-se a minha vida, acenando-me energicamente. Ali estava ela, cheia de tons negros e claros, a transbordar de cheiros divergentes e com diferentes texturas. Era uma vida de contrastes, como todas as outras, mas encontrava-se à minha frente, à espera de que eu a fosse viver. Olhei para trás de mim e só vi o vazio, escuro e monótono. Como escolher entre o refúgio do vazio e os contrastes de uma vida vivida? Como saber optar entre viver e não viver?
Quando dei por mim, já tinha passado para lá da porta.
Fábio Santos
1 comment:
o texto ta bonito :)
eu penso que devemos sempre escolher viver...pois existe (quase) sempre uma solução para os nossos problemas....só em casos mesmo extremos devemos escolher o contrário!
Post a Comment