Wednesday, April 4, 2007

Destino Nocturno

Noite,

Peço desculpa a indelicadeza de não te tratar por querida, amiga ou excelentíssima. É que não sei bem que relação mantemos na realidade. Até a segunda pessoa do singular me retrai um pouco ao comunicar-te mas usar outra que não essa como sinal de respeito não é senão falsidade pois nem tal substantivo comum abstracto mantemos.
A cumplicidade que nos une é igual à distância que nos separa pois se sou cúmplice sou distante. Não revelo segredos a quem conheço. Já nem falo em quem me conhece na dúvida que persiste de que haja alguém que efectivamente me conheça. O segredo é necessidade minha de revelar em sentido lato o que em sentido claro me afecta e tal é unicamente possível se a alguém que não faça relações de passado causal ou adjectivações de valor for revelado.
Quem é meu amigo não pode contar em guardar segredos meus porque não os de minha boca saberá.
Escrevo-te sem saber para onde enviar tais palavras pois os correios não trabalham de noite e de dia a tua morada sendo do outro lado do mundo a língua em que me expresso não é compreendida.
Não sei bem sequer quem és, não decorei a estética física de ti nem colocas as estrelas e lua sempre com a mesma bela aparência. Sei que és muda e que de surda tens pouco. Agrada-me a tua irracionalidade. Pois só com tal conjuntura de factores de personalidade e físicos atributos poderias ansiar pelos meus pensamentos que não são para serem respondidos ou pensados sequer, ouvidos apenas, sob pena de em caso contrário haver o erro de uma interpretação errada do que digo que não merece tampouco ou tão pouco interpretação.
Beijo vazio.

1 comment:

*Juaninha* said...

texto interessante.... e complexo lol
bj*