Wednesday, December 27, 2006

O caminho para a perfeição

Cada homem nasce dum acto abrupto da Natureza.
A Natureza não pergunta a ninguém se quer viver ou não,
Regula-se pelas próprias leis e impõe-as a cada um de nós.
O acto de nascer e de viver não foi um caminho por nós escolhido,
Mas algo imposto pela irreverência de uma força solitária,
Sem berço, sem casa, sem jazigo.
A Natureza quer e faz,
Não pensa no que quer nem no que deve fazer.
E decide que nós havemos de existir.
E nós existimos.
Não aceitamos existir como resultado de um complexo jogo racional,
Nem de um acto inequívoco de liberdade.
Existimos porque é a lei da Natureza e estamos subjugados a ela.
“E porque havemos de existir?”, pensamos nós.
Esta pergunta demonstra apenas que somos uma obra inacabada da Natureza.
E, como obra inacabada, somos uma obra imperfeita.
Pois só sendo imperfeitos podemos pensar.
Porque a Natureza é Deus e Deus é perfeito.
E a Natureza não pensa, quer e faz.
E nós pensamos, por isso, somos imperfeitos.
E nós pensamos naquilo que realmente queremos,
Naquilo que realmente ansiamos,
A isso se chama sonhar.
E o sonho é a aproximação mais forte que temos da perfeição,
Mais que pensado, o sonho é sentido.
É mergulhado em inúmeras esperanças de uma vida feliz.
E dizem que melhor que um sonho, é um sonho realizado.
Mas eu, com um sonho realizado sem outro inalcançado,
Não sei viver.
Porque sou imperfeito e penso.
Mas quero ser perfeito e para isso tenho que sonhar.

Wednesday, December 20, 2006

Despertei, um dia...

Despertei, um dia, para a fugacidade da vida.
Vi em sonhos um mundo belo,
Aprazível, solidário, idealista.
Um mundo em que todos se amavam,
Em que guerras eram o impossível,
Onde o stress e a depressão não existiam.
Onde reinava a calma, a harmonia, a música…
E que linda que era a música!
Tinha um timbre que apaixonou os meus ouvidos,
Que enfeitiçou os meus sentidos,
Que me forçou a fechar os olhos e a sentir…
Apenas…
A música ensinava-me, naquele sonho, a viver bem,
A pôr de parte os meus problemas.
Os problemas são demasiado racionais para a vida que temos.
A vida tem que ter brilho
E eu encontrei-o nesse sonho.
Sonhava que corria numa rua do século XVIII,
Onde sentia o perfume romântico dos líricos daquele tempo.
E, como estava no sonho, podia o que eu quisesse!
Mudava o meu rumo, remava em Veneza,
Voava em Itália… que país… que cidades… que beleza!
Oh arte italiana!
Inspira-me para sempre!
Não só tu… peço ainda ajuda ao génio trágico grego!
Quis entrar no Olimpo, ouvir a música de Apolo,
Passear pelas florestas com Artemis,
Viver os impulsos de Diónisos,
Sentir o poder de Zeus e o génio maléfico de Hades,
Render-me à sedução de Afrodite,
Causar inveja a Hera e banhar-me com as ninfas...
Sentir, por fim, a fatalidade do destino sobre mim!
Mudei, então, de direcção… quis penetrar no Universo,
Observar a partícula divina e desvendar os seus mistérios.
Ao pensar, as emoções intensificaram-se, tornaram-se exageradas,
Transformaram-se… deixaram de ser emoções
E tornaram-se sentimentos sérios.
Foi nesse momento que…

Despertei, um dia, para a fugacidade da vida.

E acordei maldisposto, porque estava a gostar do meu sonho
E obrigaram-me a sair.
A enfrentar a indelicadeza de uma vida triste,
Demasiado severa, demasiado racional, exageradamente rápida.
Fui obrigado a tentar perceber tudo!
O Real, como verdade absoluta e pura, era-me imposto,
Como se fosse o maior dos pecados mortais o não entender.
E, no final, de que me servia saber o que era o absoluto?
Saber o que era a essência das minhas imagens?
E mais! Eu era um fútil se não quisesse entender.
A vida estava a começar a cansar-me.
Seria problema meu ou da vida em si?
Perguntaram-me, um dia, qual era o sentido da minha vida.
Olhei essa pessoa e não consegui resposta…
Respondeu-me com frieza:
“Tens que encontrar o sentido da tua vida se queres ser feliz!”
Por longos dias reflecti nestas palavras e pensei…
Qual era o sentido da minha vida?
E chorei… porque não o encontrei.
Não conseguia ver em Deus um sentido,
Mas apenas uma aspiração à perfeição.
Mas, se tantos havia que em Deus encontravam o seu sentido,
Porque não eu? Porquê esta minha angústia de solidão forçada?
Relembrei, então, o meu sonho…
Lembrei a música de Apolo e os impulsos de Diónisos.
Talvez estivesse aí o sentido da minha vida…
Apenas em sentimentos, em memórias rendilhadas,
Embebidas no cálice do prazer!
Mas rapidamente desisti…
Os sentimentos levavam-me onde eu quisesse
E o sentido tem um caminho definido,
Logo, os sentimentos não podiam ser o sentido da minha vida.
Descobri, no terror da noite, nas minhas visões enubladas,
Uma realidade que me deixou petrificado!
A minha vida não tinha mesmo sentido…
As lágrimas escorreram-me pela cara,
Gota por gota, estava a perder a vontade de viver.
Afinal, tinham-me dito:
“Tens que encontrar o sentido da tua vida se queres ser feliz!”
E eu não o encontrei…
Pior! Descobri que não tinha!
Foi nesse momento que…

Despertei para a beleza da vida.

Se a minha vida não tinha sentido, então,
Nada eu era obrigado a fazer!
Quando percebi isto, a mágoa que me tomara o corpo
Metamorfoseou-se repentinamente numa euforia que não quis controlar.
As lágrimas transformaram-se no suor das minhas correrias,
Do meu estado efusivo e descomprometido.
Desceu sobre mim toda a tragédia romântica,
Que me envolveu na fatalidade do meu destino,
Não para me aprisionar para sempre,
Mas para me libertar…
Para eu me dar conta que é através da angústia existencial
Que damos valor a nós próprios,
Que descobrimos que o sentido das nossas vidas,
Afinal, somos nós próprios!
E que não o podemos descobrir
Apenas porque não conseguimos olhar de frente para nós,
Olhar-nos nos olhos, ver o nosso sorriso, captar a nossa individualidade.
Planeei, nesse momento, a minha vida de outra forma,
O sonho era tão possível como real,
Podia vivê-lo aqui bem acordado, senti-lo…
Era a minha purificação final, porque no sonho não há pecado.
E se o há, lá deixa de o ser, porque as regras são as minhas.
Vi, de novo, a pessoa que me tinha questionado e repetiu:
“Então? Qual é o sentido da tua vida?”
Respondi: “Sou eu!” e ficou incrédulo a olhar para mim.
Pediu-me uma explicação e disse-lhe:
“Num terror de noite, adormeci com um pesadelo na cabeça.
Estava a ver tudo escuro num ambiente silenciosamente arrepiante.
Quando me deparei com a minha campa,
Senti que estava morto para a vida, porque não tinha um sentido.
Ergui-me e fiz com que lá inscrevessem
– Cultiva-te na música! –
E ressuscitei. E foi nesse momento que…

Despertei para a beleza da vida!”

Monday, December 18, 2006

Palavras que nunca ouvirei...



Tenho saudades tuas... dos momentos que passámos hoje que, agora recordando-os, parecem querer esconder-se no passado. Recordo-os com nostalgia, como se tivessem acontecido há séculos e te tivesse perdido para sempre. Sei que amanhã te verei de novo e os mesmos momentos, melhores, passaremos. Mas é só amanhã. E o amanhã, sinto, está agarrado às asas da minha imaginação. Quero-te e tenho medo de te perder...
Tenho sufocos se imagino, sequer, que nunca mais te poderei passar a mão pela cara, que, com a ponta do dedo, te componho as sobrancelhas e fechas os olhos. Aproximo a minha face da tua, a minha molhada e a tua seca, como tanto gostas, e encosto os meus lábios aos teus. Permanecemos, assim, alguns segundos.
Tento entrelaçar os meus dedos nos teus cabelos curtos. De imediato, soltas os teus movimentos. Fazes-me festas na cabeça e trincas o meu lábio inferior. Repetidamente e sempre, não resisto. Abraço-te todo, deixo-me perder em beijos e, no fim, poiso a minha cabeça sobre o teu ombro e deixo que me abraces e deixo que penses que me estás a proteger.
Tremo se imagino, sequer, que nunca mais nos imaginarás a viajar pelo mundo, a amar as paisagens do nosso planeta, damos as mãos, corremos pelas praias junto ao mar, caímos os dois sobre a areia e, sobre mim, beijas-me de novo.
Não consigo pensar no futuro nem recordar o passado. Se o faço, é como estar a viver todo o presente, com a mesma emoção de uma ilusão tornada real.
Não consigo imaginar não haver o nosso amanhã juntos. Preciso de ti. Preciso que precises de mim.
Amo-te...

Sunday, December 17, 2006

Uma, duas estrelas

Cheguei agora a casa.
O cheiro a tabaco do bar em que estive entranhou-se no meu casaco. Não o suporto! Já o atirei para o cesto da roupa suja... a máquina que o lave.
Não tenho sono... talvez os Red Bull que bebi sejam os responsáveis pela ausência do sono. Não quero dormir...
Apetece-me pensar. Penso. Olho as estrelas pela janela. Vejo poucas. Penso. Em ti... sorrio. Relembro o que passámos juntos. As nossas discussões, as vezes em que ficávamos zangados e que queríamos pedir desculpa um ao outro, mas tínhamos receio que isso significasse uma quebra de confiança nas nossas convicções. Permanecíamos calados. Porém, um olhar bastava para compreendermos que estava tudo bem. E tudo se repetia... sempre.

Penso em ti, agora. Não sei o que hei-de fazer contigo. Acredita que até me sinto atraído por ti... mas tenho medo. É que quando olho para uma rapariga a sério, o que sobressai ao meu olhar são os defeitos. Parece sempre que sinto medo de, um dia, tendo-te, não poder usufruir da nostalgia desta solidão em que estou agora, mas em que me sinto bem. Alguém disse que os filósofos têm uma vida a ser vivida a solo. Apenas com as suas ideias. Também alguém disse que não há registo de um filósofo que tenha sido feliz. Filosofar é a minha vida... E disso não abdico, porque faz parte de mim, dos meus instintos. Talvez por tudo isso nunca tenha conseguido falar contigo, mas um dia vou falar. Prometo!

Talvez em Janeiro...

O que nunca te disse...

“Sozinho aqui ao teu lado
Os meus olhos procuram os teus,
Na esperança de um olhar puramente tímido,
Na esperança de um encontro irresistível
Em que os olhos unem os lábios,
Com um fervor de calor intenso.
Apenas quero senti-lo,
Apenas quero amá-lo uma vez.
E dessa vez que seja para sempre,
Ou que seja um instante imemorável,
Porque essa intensidade no sentimento
Não pode ser recordada perdida no coração.
Que seja um olá para sempre
Ou que seja um adeus de nunca.
Mas não um adeus recordável,
Porque assim não posso viver,
Nem quero!”

Inspirado em ti… olhando para ti…

Adeus Filipa!

Saturday, December 16, 2006

Que seja abençoado!

Voz divina - Hoje será criado mais um blog. Eu o baptizo de "http://tikritspirit.blogspot.com". Que nele arda para sempre a chama da liberdade, que a Filosofia o guie pelos caminhos mais utópicos, que a Arte nunca lhe abandone o espírito e que a Língua Portuguesa seja a materialização da sua expressão.

Estatutos do http://tikritspirit.blogspot.com

  1. Espinoza: "O homem livre no que pensa menos é na morte e a sua sabedoria é uma meditação, não da morte, mas da vida."
  2. Goethe: "Pensar é mais interessante que saber, mas é menos interessante que olhar."
  3. Vergílio Ferreira: "Uma Língua é o lugar donde se vê o mundo."
  4. Nietzsche: "Sem música, a vida seria um erro."
  5. Pedro Santos: "Vive, ama, cria... faz da tua vida a maior obra de arte que a História alguma vez conheceu!"

Amen