Sunday, December 16, 2007

Parabéns ao tikritspirit

Hoje faz um ano que o tikritspirit.blogspot.com foi criado e quero apenas desejar-lhe uma boa sorte para o futuro.


Sunday, November 25, 2007

Um ano, Filipa

Um ano após e o que sobra? Não o esquecimento, tão pouco a indiferença.
A tua marca permaneceu em mim fiel à amizade que nos unia. Impeço que a distância, que a crueldade do tempo que a tudo nos torna indiferentes, te apague da minha memória. Os teus sonhos de paz, solidariedade, de entreajuda talvez nunca cheguem ao limiar mundial a que ansiavas, mas, no território que me toca, dou o meu máximo, potenciado pela força que a memória de ti me transmite, para ajudar no que realmente posso ajudar. E como me ajudaste tantas vezes e como tantas te ajudei, às vezes é uma simples palavra, um simples sorriso que precisamos, não é?
Talvez não se possa dizer que a nossa amizade tenha sido uma normal amizade de adolescência, as intimidades que detínhamos não se resumiam ao quotidiano, ao que é particular, pelo contrário, à amplitude que as questões mais subjectivas do ser apresentam. Aconteceu, quase sempre, que divergíamos no ponto fulcral das questões. E esse era sempre o ponto de partida para a discussão que se eternizou em nós.
Como esquecer as tardes que passámos juntos a escrever o guião daquela peça, que depunha o que de mais essencial havia em nós, que pretendíamos que elevasse o nome da nossa escola? Lembrar-me-ei para sempre da experiência fantástica que foi aquele dia, um verdadeiro dia de grupo unido, o da representação do “Encontrei-me”, que tão intrinsecamente te resume em mim num flash.
Quis a coincidência, o que lhe queiram chamar, que a causa dos nossos mais profundos debates te levasse. Foste a minha amiga adulta que precisei. Que me fez entender que as questões que me assaltavam a mente não eram desproporcionadas para um adolescente. Pensavas nas mesmas coisas que eu. As respostas, antagónicas, serviam e servem a liberdade racional de cada um.
Terás sempre um cantinho reservado em mim e, como da última vez que te vi, em que dormias na paz que me transmites, há algo que te quero oferecer:
Um beijinho,

Do teu amigo,

Pedro Santos.

Friday, November 16, 2007

16 de Novembro

No ano de 1922, no dia 16 de Novembro, nasceu, em Azinhaga, José Saramago.

Prémio Nobel da Literatura em 1998, apresenta uma vasta obra com um estilo muito próprio que transgride as regras da gramática sem ofender a Língua Portuguesa. Aliás, leva-a mesmo além fronteiras.

Da sua obra, li apenas dois livros: "As Intermitências da Morte" e o "Memorial do Convento". Dos quais gostei bastante, acrescento.

José Saramago é uma figura controversa até mesmo no panorama político, dado que se auto-exilou em Lanzarote (Espanha) e declarou que Portugal teria tudo a ganhar caso se anexasse a Espanha, e no panorama religioso por mostrar nas sua obra sinais de ateísmo e ataque à Igreja.

É membro do Partido Comunista Português.

É meu desejo que a sua obra aumente durante muitos anos em prol da nossa Língua!
O seu nome está já gravado na eternidade.

Sunday, October 28, 2007

Suspiro

Na última remessa de lenha atirada para a fogueira, lançou o suspiro de reconhecimento de si. Que mensagem final se poderia retirar no acto de espremer todos os anos passados e que se pudesse transmitir quanto mais não fosse à consciência, se a gerações futuras não fosse possível, como última lição a um ancião de vida que pela primeira vez viveu para aprender a viver e que tem na plena consciência a certeza que vida outra não haverá para nela pôr em prática o aprendido?
A mensagem única e verdadeira da intuição. A que não carece de reflexão e aparece instantânea na mente. É essa a mensagem a seguir. O seguimento do sonho mais profundo, da mais interna vontade de existir. Não realizou a intuição, seguiu a racionalidade calculista. Resignou-se por não ter tempo de desfazer o passado no futuro. Em qualquer futuro.
Entra uma sombra que o fita e lhe pergunta em que pensa.
Não cheguei a viver.

Sunday, October 14, 2007

Relativo

Onde está a minha luz?
O ego que fugiu de mim a correr escondeu-se nublado além. Preciso de luz para o encontrar. A escuridão venda-me os olhos e não o alcanço. Ando em círculos procurando um vestígio de pistas que me levem a ele.
Os círculos. As voltas. Os ciclos. A vida é cíclica. Sempre e sempre se retornam aos mesmos momentos, aos mesmos estados de espírito. Dizia-me avesso a rotinas mas sinto a falta da rotina passada. Que voltas dão as opiniões. É lisonjeiro pelo menos chegar à conclusão de que a verdade que tenho para mim de que não há verdades absolutas, determinadas, eternas se concretiza no real. A experiência é o melhor argumento, a prova infalível.
Relativas as opiniões. Relativo o meu valor. Relativa a dificuldade.
Relativismo eterno.
E interno.

Cem Anos

Rua de declive positivo acrescenta obstáculo à jornada que matinal se inicia à entrada da alameda. Vagueio como micróbio na calçada epidérmica de uma cidade que me é estranha. Frenéticos movimentos se tornam assimétricos ao recatado viver que tomo para mim. Estranho tudo o que por mim passa. Vivo a cidade por baixo, de metro, escondem-se-me as belezas a que anseio, as visões, na escuridão de uma linha que me liga entre dois pontos. Dois pontos fixos, fechados na margem finita de duas chavetas. Margem que trespasso com um chip magnético de um cartão que me permite gloriosamente desfrutar da beleza estética do preto misturada com o ruído da carruagem que me leva ao ponto finito. Sempre tive dificuldade em cingir-me a conjuntos finitos. Evaporo-me modulado em frequência, que em amplitude modulado me deformaria mais ainda, à infinidade de pontos que quero percorrer.
A atmosfera solarenga raia UVAs para me destabilizar. O electrão que sou já está fora da área a que é permitida ao núcleo fazer-se sentir. Mas o núcleo sinto-o ainda e estou distante. Saudades do que perdi. Do que estou a perder. Saudades do que vou perder. Ainda que a priori viva em relação ao futuro, projecções faço a todo o instante. Cálculos sem numérica resposta, mas de sonhador pensamento me levam gravitando ao futuro. Haverá uma relação congruente do que sonho com o que me reserva o futuro?
A liberdade que sinto, que me deixa tocar nos infinitos, é sinal de não programação do que sou. A recursividade faz-se em condições de desconhecida natureza das causas. Os resultados das condições não imperam no resultado de mim. Não há sinais de igualdade para mim. No máximo, congruências de módulo infinito. Não posso ser determinado, não posso viver em domínio infinito entre paredes finitas como as de uma função seno.
Sonho com a imagem que me olha do espelho, que me pisca o olho sem sorrir. Que me manda ignorar a lógica axiomática que não tem interesse senão dentro das paredes que me constroem o profissional futuro. Que me envia a electromagnética onda que contém em mensagem a fórmula de Gauss que me permite descodificar as variáveis indesejadas na rotina. Que me envia a imagem corporal que sou, desejada pelos olhares entrecruzados a que não pertenço. Não pertenço.
Sou Homem em Macondo.
Ou noutro lugar ficcionado qualquer.
Cem anos de solidão me esperam antes do sono final.

Sunday, September 16, 2007

16 de Setembro

Para além de neste dia ter nascido o Rei D. Pedro V, o ilusionista David Copperfield e a actriz Carolina Dieckmann e de ter morrido Jean Piaget, também nasci eu!
Tudo tem um início, eu mesmo tive.
Completados 18 anos, estou prestes a entrar na universidade, em Matemática Aplicada e Computação no IST em Lisboa.
Maioridade e mais responsabilidade!

Wednesday, September 5, 2007

Tempo Morto


Orientação temporal que nos toma
Futuro desejado e presente vivido
Pelo tempo futuro deformado
Pela resignação pobre presente tido
Quebrar a rotina indesejada?
Sonhar pelo tempo da não indiferença!

Wednesday, August 29, 2007

Pertencer

Embrulhado o dia, pois que se não de boa surpresa pelo menos de inesperada aparição nos aparece cada momento futuro.
E escondida no embrulho do dia apareceste-me hoje quase na escuridão do tempo, claridade ténue das nove, surpresa não esperada, não te queria ver. Se até da fugaz visão te indesejava, quão potenciado foi o desagrado pelo convite de te acompanhar no passeio ao apagar do sol que nao consegui recusar.
Tive e tenho dúvidas no que sinto, se ódio ou amor, por ti. Tive e tenho dúvidas por quem, por ti ou pela minha imagem de ti, o sinto. A conversa puxa-me alienado rua acima para o jardim. Falas no teu sorriso cor de rosa a tudo que me faz ver-te indiferença no acto de sorrir quando este para mim é o limiar superior da minha satisfação.
Sentamo-nos e falas indiferente ao nosso passado, como se nada tivesse havido entre nós, bons amigos apenas esperas, não imaginas o que isso magoa. Odeio profundamente a indiferença!, sim, olho-te seco e frio com vontade de desviar o olhar a todo o instante, mas o ódio não é outra coisa que não a insatisfação de não te ter.
A vontade de te beijar é-me dada pela compreensão que me dás de que o queres também. Mas a relação não é a que anseio. Não pode ser como quero, então quero-te afastar. Mas tenho pena, porque gosto de ti.
Olho para ti e vejo duas pessoas. Duas imagens, a que amo e a que odeio. E não és nenhuma delas. És tu apenas e sempre tu. Regressaste a casa. Para mim serás sempre imagem.
Pertences-te.
Pertenço-me.

Tuesday, August 28, 2007

What I've Done - Linkin Park



Que diferença faz um erro?
Se erro é fazer o que não faríamos,
Errar é deixarmos de ser nós?

Somos o presente ou o passado?
Mas se há diferenças nos dois,
Que antagonismo os une?

Sunday, August 26, 2007

26 de Agosto



No dia 26 de Agosto de 1743 nasceu, em Paris, Antoine Lavoisier, considerado o pai da Química moderna.


Para além de ser o responsável por algumas horas de estudo por que já passei..., Lavoisier foi o prmeiro cientista a enunciar a Lei da Conservação da Matéria (aquela lei que nos obriga a acertar equações químicas...) e o padrinho do tão importante elemento químico - oxigénio.


A sua morte trágica, na guilhotina a 8 de Maio de 1794, é suavizada se se tiver em conta que, para ganhar a vida, Lavoisier era arrecadador de impostos.






Faz hoje um ano que Felipe Massa obteve a sua primeira pole position na Formula 1 (para quem não sabe, a pole position é partir em primeiro na grelha de partida da corrida, o que é conseguido pelo melhor tempo na sessão de qualificação que decorre no dia anterior).
A pole foi conseguida no Grande Prémio da Turquia.
Precisamente hoje, o mesmo Felipe Massa venceu a corrida de Formula 1... no Grande Prémio da Turquia.
A minha Ferrari está-lhe a dar!
;)

Tuesday, July 10, 2007

Saudade

Saudade.
Dos tempos, do passado perdido, do futuro escondido...
Medo de não ser como quero: as memórias e as pretensões.
Fazes-me falta, Filipa, só tu compreendias o meu silêncio. Porque sem palavras comunicávamos, entendíamos a peça que faltava no puzzle da nossa boa disposição. Porque entendíamos que muitas vezes a solidão, a tristeza e o fundo era o que nos fazia melhor.
Não existes e falo para ti! Estás na minha memória. Fazes-me bem, és a minha companhia nos meus maus momentos.
Sempre a minha amiga,
mesmo em espírito ;)

Sunday, July 8, 2007

8 de Julho

Hoje é o Dia do Fotógrafo!


O maravilhoso obreiro das imagens que nos ficam para sempre.

Como esta fotografia da minha turma, dos colegas de quem vou ter muitas saudades! x)


Saturday, July 7, 2007

Futuro

Linha do tempo incerta que não conheço
Ignorante, como eu, guardas o que serei.
Pois se à linha dou forma e conteúdo
É sorte saber o que lhe farei...

Saturday, June 30, 2007

Luz louca

Que tempo me separa da intemporalidade?
Momentos sem hora, espontâneos na génese, na sua génese, de onde vêm?
Pressuponho que de alguma radiação invisível pois que é indiferente ser manhã, tarde ou noite para a sua aparição.
Não sou avisado. Quebra-se-me a energia e a vontade em recuperá-la. Estudarei o minucioso processo deste resultado em mim provocado, a estatística mostra-me que há uma tendência para o ambiente nocturno deste fenómeno.
A noite, aquela noite, a de ontem, ou de hoje que era de madrugada, qual mendigo, encostado à árvore com olhar disperso para tudo e para nada, sentindo que nada tem, liberto, alegremente liberto, tristemente consciente da perda do elemento de felicidade, triunfalmente desejando nada mais.
A absorção da luz pequena e longínqua inspira-me loucura. Que normalidade tem a regra de sentir afabilidade na solidão?
A que quero evitar mas que me prende...

Wednesday, June 27, 2007

Coração de papel pintado de tinta camuflante

Meu coração de papel pintado de tinta camuflante, que tapa aquilo que não quero ver, mas sei o que é. Pedaço do que fui, agora tento ser, alguém me diga quem sou, que fulgor é este que me vem de dentro e que me sai em lágrimas, pendentes nuns olhos que não sabem o que vêem ou pelo menos assim fingem ser, húmidos de um choro interminável, cascata de desilusão existencial; os braços descaídos, impotentes, amorfos, que não sabem o que levantar; o ar, esse, levanta-se sozinho, disperso, sem choro, como se a força lhe viesse de tudo, e nem o pouco que lhe levo em cada inspiração ofegante o desanima, ele é de todos e de cada um e nós todos somos dele, e mesmo dessa maneira aí anda ele, disperso, sem choro, seco.
Meu coração de papel pintado de tinta camuflante, que não esconde o temor em cada batimento. Quando vem a noite é difícil não chorar, a minha vida é um choro, o choro é a minha vida. Que alguém me ampare as lágrimas que me saem deste coração de papel amachucado, vazio que transborda o tudo que sou, a angústia que sobra em mim, essa não foge com o rio que me flui das vistas. Quem me bate à porta e me encontra nesta rua sem morada em que habito, quem me escreve uma carta a certificar-me que há vida fora da minha bolhinha, quem vem com fogo na mão incendiar este coração de papel, e mostrar-me o que está por baixo? Quem me mostra o que está por detrás do pano?
Meu maldito coração de papel!


O Senhor Lágrimas
Fábio Santos

Sunday, June 24, 2007

Partida

A estrada da vida morre
Onde não lhe vemos o fim.
Uma curva oculta o caminho
Encolhe-o estreitinho até desaparecer.

A luz da esperança no prolongamento
Do invisível infinito caminho
Incandeia-me tristemente a razão
Que não me deixa acreditar em vão.

Sunday, June 17, 2007

Onde sinto o poder de mim no sentir?
Na razão que te elabora em imagem
Ou na emoção que a imagem me sofre?

Wednesday, June 13, 2007

Dois Sentidos

Mar que de movimentos naturais
Centrífugos e centrípetos no sentido
E por tal confusamente mirados
Metaforicamente em tudo significado.

Tão antitético que desdenha
Quem do gosto do equilíbrio sofre
Se ser de uma só recta linha me juntar
Quero-me ondulado e a saber a mar.

Monday, June 11, 2007

A flor que te hei-de dar

Um mar exultante de flores arqueadas
Um suave sopro do vento, a beijar cada rosto
Um rasgar de lábios, brilho deslumbrante e luminoso.

Flor que na minha mão se pousa
Um aroma que não sabe onde ser cheirado
Vestido ondulante, a contagiar o ar
Sol que bate na face
Dois corpos que se tocam, que fazem sonhar
Na mão, a flor que te hei-de dar!

Fábio Santos

Sunday, June 3, 2007

Observatório Imaginário

Procurei-te na biblioteca e foste a primeira pessoa que vi. Consegui o que queria: ver-te, saber que tinhas vindo. Inventei outro propósito de procura, se havia computadores livres para me entreter. Não. Desci.
Passei a tarde a jogar às cartas esbatidas sem nexo contra a mesa, porque o pensamento estava na imagem de ti e os olhos na porta que te esperava. Demoraste a aparecer. Terias terrivelmente saído por outro lado qualquer ou os meus olhos viam imaginação e perderam a realidade?
Corri acima pelas escadas para a biblioteca, ufa!, ainda lá estavas! Puxei uma cadeira e sentei-me ao teu lado tentando falsamente desviar a atenção para o teu trabalho e para as tuas amigas.
Falavas-me. Falava-te. Estamos unidos pelas palavras e pelos gestos que tardaram em aparecer. Iniciei com a ponta dos dedos o tacto suave e tímido nas tuas costas. Não o negaste, não fizeste por contrariá-lo.
Trabalhavas, olhavas o monitor e eu imaginariamente tinha a certeza de que estavas com mais atenção em mim.
Acabaste. Saímos e ficámos os dois. Não nos apetecia ir para casa? Talvez tenha sido mesmo a melhor desculpa para darmos a entender que queríamos estar um com o outro sem o dizer. Há gestos que valem mais que as palavras.
Sentámo-nos num banco do jardim, à sombra por tua escolha. A natureza queria-nos iluminados e por isso enviou moscas para nos mudarmos para outro ao sol.
Frente a frente, lado a lado, na obliquidade das linhas que nos ligavam os corpos, os nossos olhares traíam-nos. Deixavam sair a verdade que a boca não deixava sair. Olhares filtrados distraídos pelas brincadeiras nas palavras que proferimos para encher a acção.
"A árvore é feia", "O azul é cor primária", pediste que encarnasse o meu personagem do teatro, imitei-o quantas vezes pediste. "É fofo" e andavas com o "fofo" na boca porque não há pessoa mais fofinha que tu.
Sem querer, acho, descaíste a cabeça no meu ombro e rapidamente a levantaste, não conseguiste controlar o impulso que te ia na alma. Mas eu percebi. Beijei-te a face, tinhas os lábios cerrados que pareciam um íman pela força que tive que fazer para não precipitar o toque pelo qual os meus ansiavam. Percorri-te a face com a minha, acariciei-te a testa e a bochecha com os lábios e os dedos, o nariz com o meu, ternamente porque te queria minha como se algo frágil estivesse a guardar.
Beijei-te a outra face, fiz-lhe festinhas com a mão mas rapidamente parei pela constatação de que a minha mão estava fria, pelo calor que emanavas do rosto. Retirei-a e pegaste-lhe triste por ter parado e disseste que não estava fria e que não parecia mão de mulher como me tinham já dito. Fizeste-lhe festinhas, tiveste pena da minha mão, a parte do meu corpo maltratada pela circulação imperfeita que me atira as veias para fora da pele. Esfregaste-a e entregaste-te à condenação dos sentimentos. Tinha-te envolvida, os rostos juntos novamente, os teus lábios cerrados e o íman. Não sabia se querias. A força magnética do íman era quebrada se quiséssemos. Eu queria muito. O amor, não o beijo em si, movimentaste a cara quanto? 2 milímetros? Foi o suficiente para eu quebrar a força e receber o teu amor no beijo. Inocente de olhos fechados me beijaste, o tempo para nós parou, só o relógio continuou a andar.
A casa e o jantar esperavam-te, o relógio traiu-nos com as horas. Tinhas que ir. Despediste-te com um beijo e quis acarinhar-te o cabelo, sabia pela audição de um passado pouco distante que não querias que lhe mexessem, "Não queres que te mexam no cabelo, despenteiam-te", "Mas tu podes!" e beijei-te outra vez a acariciar-te o cabelo.
O céu foi o único espectador, imóvel como o nosso tempo, atento aos pormenores manchado pelas núvens que o queriam ocultar, ao céu e ao nosso amor.
Se é que é essa a palavra que nos exprime na relação ou se a relação que temos pode ser exprimida numa palavra.

Saturday, June 2, 2007

Amo-te :)

Olho tácito o teu sorriso
Desenhado pelas feições da face
Que belas o forçam natural.

Macia a boca endeusada
Por ser tua e usada
Em mim a amar-te e amares-me.

Tuesday, May 29, 2007

Chuva e vento

Cabelo pelo vento despenteado.
Não gostas do capricho natural
Mas que podes tu contra ele?

Se o vento te leva o cabelo
A chuva lava-te a alma
E acabamos abraçados.

Saturday, May 26, 2007

FCP Campeão


(Jessica, Tânia, Freespirit, Joele e Cátia)
Campeões! Tardiamente, é verdade, mas não podia deixar de postar um momento tão bom como este.
A culpa da demora é da Tânia! Ela é que se esqueceu de me enviar as fotos!

26 de Maio

No ano de 1976, no dia 26 de Maio, morreu o filósofo alemão Martin Heidegger.
Foi um dos filósofos principais do século XX.
Seguidor de uma filosofia existencialista em que o problema da relação sujeito-objecto é, para ele, centrado essencialmente no sujeito.
O facto da sua vida que o torna menos popular será talvez o rompimento de uma relação amorosa que manteve com a sua aluna Hannah Arendt, uma teória política de origem judia, devido à ligação de Heidegger com o Partido Nazista de Adolf Hitler.
"Nunca chegamos aos pensamentos. São eles que vêm."

Wednesday, May 23, 2007

Retina objectiva

Olho a objectiva que me fixa
Me prende em visão de imagem e objecto
Retina conotativa parcial do que demonstro ser
Errada, mas onde está o erro se imagem é o que parece ser?

Tuesday, May 22, 2007

Horizonte inseguro

O abismo separa o seguro do desconhecido
Mas que desconhecido é esse do sonho?
Se em perigo as ondulações nos tremem
E o infinito a visão assusta?

Sunday, May 20, 2007

20 de Maio


No ano de 1806 neste mesmo dia 20 de Maio, em Londres, nasceu John Stuart Mill.
O seu pai, James Mill, pretendia que o seu filho se tornasse num génio intelectual e educou-o de tal forma rigorosa que Stuart Mill aos 3 anos já sabia o alfabeto grego, aos 8 aprendia latim e álgebra, estudava autores clássicos que só eram estudados nas universidades naquela época. Foi com essa idade, também, que foi nomeado tutor dos elementos mais jovens da família. Aos 12 anos, lê os tratados de lógica de Aristóteles no original.
Aos 18 anos, Stuart Mill descreve-se como uma "máquina lógica".
Sofreu crises de auto-estima durante quase toda a sua vida.
Desempenhou funções como economista, mas a sua importância assume-se nas suas teorias filosóficas.
Escreveu o livro "Um sistema de lógica" em que refere cinco métodos de indução.
Escreveu também "Utilitarismo" que o tornou célebre pela teoria que defende que as acções devem ser julgadas pelas consequências que produzem e que a melhor acção é a que traz maior bem-estar ao maior número de pessoas.
Durante a sua vida, Stuart Mill condenou a visão que se tinha da relação homem-mulher que era sinónimo de mestre-escravo e a proibição de divórcios com base na incompatibilidade de feitios.
Discordou da ideia de seu pai que defendia que a razão tinha um papel passivo no conhecimento com base no estímulo externo, defendendo, pelo contrário, o papel activo da razão.

Thursday, May 17, 2007

Eu Sei - Papas da Língua





O horizonte é longe demais
É a distância que nos separa
Os metros que não queres encurtar.

A confidência que nunca tivemos
Apazigua a dor.
As palavras são frágeis,
Mas são o único meio que temos de nos expressarmos.

Tuesday, May 15, 2007

Chuva que não molha

- Não tens medo?
Chove como se todas as portas do céu se tivessem aberto, como se alguém bem lá de cima ordenasse um segundo dilúvio para exterminar a corrupção do homem, ser que tanto tem de beleza como de destruição. Talvez este segundo venha acabar o que o primeiro, infelizmente, não conseguiu. É uma chuva que não molha.
- E o que tem sido a nossa vida a não ser medo? - respondo-lhe enquanto ela me olha com uns olhos cansados, que transparecem a sua pobreza de espírito, a chama da vida há muito que a abandonou, prolongando-lhe o calvário de uma vida que não soube ser vivida, nasceu morta. Ela treme, com as mãos por cima dos joelhos e, bem ao meu lado, olha pelo vidro do carro para a cascata que se está a desabar sobre o mundo, e que faz estremecer o veículo, à medida que eu acelero, com as gotas sonoramente a rebentarem no tejadilho. Ao longe começa-se a ver o mar, não o que está a precipitar-se sobre nós, mas o que já lá estava, no encontro com a terra. A falésia de onde víamos o pôr-do-sol infinitamente, atravessa-se no seu caminho, como um precipício de fim líquido.
- Tens a certeza?
Ela está nervosa, já sofreu tanto que receia sofrer ainda mais. E eu a pensar que a única coisa que tive sempre foram as minhas dúvidas, nenhuma certeza adquiri na minha existência, vagueei apenas pelas ruas da incerteza, que me bloquearam os sentidos e me impediram de sentir. Inconsolado, e deixando uma mão no volante, a outra procura a dela e quando estas se encontram assimilam-se num aperto estonteante, selado para a eternidade, nunca morreremos um para o outro.
- Eu já nasci com esta certeza! Todos nós! Não te preocupes, vai correr tudo bem.
A falésia encontra-se bem à nossa frente e o mar a rugir lá em baixo. Não paramos. Não é tempo para parar, mas para seguir em frente, o que vier, virá. Começamos a voar enquanto o carro, impulsionado pela gravidade, é engolido pelas águas em fúria. Olhamos um para o outro e acenamos afirmativamente, voltaremos a encontrar-nos.
- Até já!
Não estamos molhados; quem esteve seco tanto tempo nem se molhará no último instante. Não conseguimos respirar e tudo fica negro, é o fim de um ciclo, e o que importa, somos finalmente livres. Aqui onde tudo acaba, onde tudo principia, não há medo.
E lá fora a chuva continua a cair, sem molhar.

Fábio Santos

Monday, May 14, 2007

Silêncio labial

Fala em voz de silêncio
A vibração dos lábios que te exprimem
Não ao ouvido mentiras
Mas nos meus lábios verdades.

Saturday, May 12, 2007

Pedro, não pedras

O que me vês na expressão?
Face séria de gravidade imperturbada pela tua presença, sei-me eu alheado do que me rodeia, mas que sabes tu se não vês o que sinto ou penso?, e ainda assim me qualificas de pensativo.
"Mas as palavras são pedras.", disse Vergílio Ferreira. E são pedras se ditas ou pensadas. E se dizes ou pensas que estou triste ou alegre é uma pedra que dizes ou pensas e com ela te enganas que não sabes o que sinto ou penso, imaginas pensando ser verdade a conclusão que retiras da minha expressão corporal.
Defines-me de simpático, inteligente, parvo, irritante, estúpido, divertido e encerras tudo o que sou ou pensas que sou num saco de palavras estático, arrepiante de tanto me encolher do que sou, que não demonstra a capacidade de me explodir e semear os estilhaços que me renascerão todos os dias e que me faz ser o inverso da coisa estática que são as palavras, e de cada estilhaço crescerá um ser diferente dependendo das características do solo que o acolhe, pois de cada solo cresce o ser que se lhe adequa melhor.
Sou um estilhaço perdido. Há-os outros de mim por aí. E sou-os quando deixo de ser este que sou agora. Mas nunca Uno, sempre o estilhaço que ecoa a vibração da explosão primeira.

Thursday, May 10, 2007

Enevoada


Deusa da névoa iluminada
No elemento da vida mergulhada
Que me vês olhando-te a crescer
O corpo e mente que quero ter.

Tuesday, May 8, 2007

Onde estavas?

Onde estavas quando disse que amava mais o que me está longe?
Estavas surda de indiferença?
Hoje sei-a verdadeira a sentença das minhas palavras se com solidão me habituei a viver, a mim e a mim me habituei a amar...

Monday, May 7, 2007

Distanciamento

A distância entre nós alonga
No impedimento da fala
Que constróis.

Ensinou-me a Física
Que com a distância diminui a força.
Algo de nós fraqueja.

Que fracas são as relações com outros
Se com as minhas comigo comparadas
É que eu sei sempre o quero receber...

Sunday, May 6, 2007

Verdade (in)consciente

Que louco supõe na morte a fuga eterna do mundo inverso ao real que toma a sua vida sem consentimento livre - inequivocamente voluntário? O consciente ou o inconsciente? Em todo o caso, qualquer louco consciente é inconsciente. Pois se admite a loucura de ser amplamente diferente do padrão instituído - que não raras vezes o afecta no plano sentimental, não sendo feliz na loucura -, não poderia conscientemente iludir-se - talvez tornando-se mais louco... - e criar um mundo conscientemente ilusório que o fizesse feliz? Pena que o louco sacrifique a sua felicidade em prol da absorção total da verdade que institui para si.
Filipe, O Louco, se fosse rei teria um cognome, vê na morte o fim. Da loucura e outras diabruras verdadeiras ou não, racionais ou pelos sentidos apreendidas. É consciente da sua loucura e toma por elogio que tal sorte o tenha assombrado. Quantas vezes sorriu, em cima da ponte, da terrível percepção da verdade que o faz feliz e infeliz, instantaneamente - porque múltiplo é ele e de multiplicidade vive -, troçando das verdades que criadas por si, e pelos outros, consegue assassinar em segundos de queda breves banhados de sangue vermelho vitorioso de para ele deixar de haver verdade.
Pois que verdade tem valor sem sujeito?
Pois que sujeito tem valor inferior a qualquer verdade?

Friday, May 4, 2007

A inútil imposição do silêncio

- Sh! Sh! Sh! Tens de aprender a estar calado!
“Já começa!”, pensa ele, ciente do que se tornou a sua vida, passada no eterno silêncio de quem não pode falar, não vá sair disparate da sua boca e da sua ingénua mente.
- Está calado! Não abras a boca!
Mandam-no calar e ele obedece, não pensa porque no pensar está o demónio à espera de nos possuir e envenenar os pensamentos e acções. E que medo tem ele de falar, de pensar! Quem o ouvisse dizer que se o Diabo é a face oposta da mesma moeda de Deus Nosso Senhor e, se Deus é perfeito, então perfeito também é o Diabo, tornava-o num louco. Além de não o deixarem falar, não lhe falariam. Ao que isto chegou: estar mudo de pensamentos para poder ouvir os dos outros.
- Cala-te! Não digas nada!
Mas quem são eles para o mandar calar? Sentado, sozinho, naquela sala, ele é dono de si mesmo. Porquê ter medo? Donde vêm tantos receios?... De lado nenhum, é o medo que ele a si próprio impõe. Se é livre por que não fala? É a hora de falar! Levanta-se da cadeira, olha para a brancura da sala vazia, enche os pulmões e, numa oposição ao que lhe dizem, sai pela porta da sala, e abre a boca:
- Agora é a minha vez de falar! Ouçam-me!
Fábio Santos

Thursday, April 26, 2007

Contornos desnecessários

Estrada recta do objectivo
Contornada por nós sem saber
Com o dobro do tempo perdido
Na chegada ao destino prazer.

Curvamos a recta linha
Sem saber do que fazemos
Ou sabendo mal do que existe
Medo do prazer que temos.

Wednesday, April 18, 2007

Liberdade Infinita

De onde vieste mendiga
De mim alheado
Volta sem retorno.

Não procures em mim
O que necessitas de intimidade
Não te posso dar.

Sou livre e quero que o sejas
Sem mim em liberdade
Comungaremos em união.

Thursday, April 12, 2007

A Tragédia - O Remédio

Sofia - Que tédio! Hoje não se faz nada...
Filipe - Dizes isso todos os dias. Tenta encontrar alguma coisa que te faça sair desse tédio.
Sofia - E fazê-lo todos os dias? Estar sempre à procura de algo diferente passa a ser por si uma rotina.
Filipe - É verdade... O que é preciso para não se viver em tédio?
Sofia - Para mim tédio é a sensação de não ter nada para fazer nem sequer apetecer fazer alguma coisa ou coisa nenhuma. É estar sem emoções sequer.
Filipe - Se morresse alguém não seria um tédio.
Sofia - O que estás a dizer? Prefiro estar em tédio.
Filipe - A tragédia destrói o tédio...

Monday, April 9, 2007

Sono no tempo

Sono nocturno me espera
Após sonolentas horas diurnas
Que não me deixam sequer dormir...

Friday, April 6, 2007

6 de Abril

Rafaello Santi teve a curiosidade de nascer em 1483 e morrer em 1520, precisamente no dia 6 de Abril em ambos os casos.

Foi pintor, arquitecto, político e investigador da cultura clássica.

Criou várias obras de pintura ao seviço do Papa Júlio II e do sucessor Leão X.

Era conhecido em Roma por ser humanista e um pensador neoplatónico.

Ao lado, está uma das obras de Rafaello, denominada As Três Graças.






Data também deste dia, no ano 1564, a invenção do lápis.
Foi na Inglaterra que se fez esta preciosa invenção: o meio secundário, que o primário sou eu, das minhas criações escritas (vai sendo substituido irremediavelmente pela caneta e até mais pelo teclado, mas foi com ele que comecei).
Não é ouro mas vale ouro.
É que se os átomos de carbono da grafite estivessem organizados de outra forma seriam diamante!
Há com cada coisa, não há?

Wednesday, April 4, 2007

Espelho sem reflexo

A minha alma é feita de um pano cheio de buracos. Numa noite de céu estrelado, deitado sobre a relva, a ser abraçado pela natureza no seu estado puro e enquanto mirava os astros, surgiu-me a maior e mais complicada dúvida de toda a minha vida: o que sou? E ao decidir não descansar até saber a resposta, o meu corpo entrou em plena exaltação, ao ver uma oportunidade de combater o (muito) tédio do meu quotidiano.
No dia seguinte comecei a minha demanda, a minha cruzada. Mas como começar? Não queria ouvir, mais uma vez, que sou o resultado de uma brilhante expressão dos meus genes ou se sou o fruto de uma criação divina, de um Deus que nunca tive o prazer de conhecer. Estas eram respostas para o meu “eu” físico, orgânico. Não eram as respostas que pretendia. Eu queria saber o que verdadeiramente era o “eu” vivo e racional, agente de um espaço e de um tempo. Decidi perguntar às outras pessoas o que eu era, pois são os outros que nos moldam e limitam e como seres também racionais, deveriam saber dar uma resposta. Perguntei, questionei, argumentei, confidenciei. Algumas pessoas ignoraram-me, outras olharam-me com desconfiança, outras chamaram-me doido e as poucas que me tentavam responder, criavam um discurso vazio e falacioso. Portanto, nada de respostas.
Um dia, ao voltar para casa cansado, reparei num pequeno lago que reflectia a luz do sol. A minha mente iluminou-se num rasgo e comecei a correr desenfreadamente até casa, rogando pragas ao universo por, no meio de tanta perfeição, não ter notado que o Homem, que tudo pode ver, não se consegue ver a si próprio. Cheguei a casa, sobressaltado. Fui ao meu quarto e dirigi-me à frente do espelho. Ele iria dar-me a resposta! Coloquei-me à frente e olhei. Olhei novamente, com mais atenção. Não havia nem um contorno, nem um mísero reflexo meu. Reflectido no espelho só estava o meu quarto, impávido e sereno.
Estranhamente aliviado, fui até à janela e debrucei-me a vislumbrar o pôr-do-sol. A minha demanda acabara. Senti-me feliz por saber a resposta e, assim, durante horas, que podiam ser anos, fiquei calmamente debruçado na janela a ver o espectáculo do mundo, em todo o seu esplendor e beleza.
Pois bem, o que sou? Nada.

“Sábio é aquele que se contenta com o espectáculo do mundo” Fernando Pessoa
Fábio Santos

Destino Nocturno

Noite,

Peço desculpa a indelicadeza de não te tratar por querida, amiga ou excelentíssima. É que não sei bem que relação mantemos na realidade. Até a segunda pessoa do singular me retrai um pouco ao comunicar-te mas usar outra que não essa como sinal de respeito não é senão falsidade pois nem tal substantivo comum abstracto mantemos.
A cumplicidade que nos une é igual à distância que nos separa pois se sou cúmplice sou distante. Não revelo segredos a quem conheço. Já nem falo em quem me conhece na dúvida que persiste de que haja alguém que efectivamente me conheça. O segredo é necessidade minha de revelar em sentido lato o que em sentido claro me afecta e tal é unicamente possível se a alguém que não faça relações de passado causal ou adjectivações de valor for revelado.
Quem é meu amigo não pode contar em guardar segredos meus porque não os de minha boca saberá.
Escrevo-te sem saber para onde enviar tais palavras pois os correios não trabalham de noite e de dia a tua morada sendo do outro lado do mundo a língua em que me expresso não é compreendida.
Não sei bem sequer quem és, não decorei a estética física de ti nem colocas as estrelas e lua sempre com a mesma bela aparência. Sei que és muda e que de surda tens pouco. Agrada-me a tua irracionalidade. Pois só com tal conjuntura de factores de personalidade e físicos atributos poderias ansiar pelos meus pensamentos que não são para serem respondidos ou pensados sequer, ouvidos apenas, sob pena de em caso contrário haver o erro de uma interpretação errada do que digo que não merece tampouco ou tão pouco interpretação.
Beijo vazio.

Tuesday, April 3, 2007

Pensamento do dia

"Uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão, de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam."

António Lobo Antunes

"Braveheart"




Música fantástica!
A minha companheira nos maus momentos, a que me faz ficar pior, no desespero das emoções, de qualquer uma.
Uma grande amiga.
A fruição da música é obrigatória!
O vídeo é interessante.

Monday, April 2, 2007

Esperança

Triste do homem sem esperança
Que morre no tempo que avança
Sem qualquer divina aliança.

A esperança é a fraqueza do homem
Que procura fora a ajuda
Que não existe se não em nós.

Esperança mata a realidade da vida
Cruel, maldita, vil sofrida
Com certeza de futuro mentida.

Feliz do homem sem esperança
Que no desespero das emoções sofre
Ou estoicamente a vida vive.

Ser estóico se não quiser sentir
Ou desesperar de emoções se preferir
Mas sem esperança que é mentir.

Sunday, April 1, 2007

Dia das Mentiras

Dedico este post a todos os poetas que como o Fernando Pessoa fingem a dor sentida pelos leitores.
Porque a dor do autor e a dor do leitor são distintas, e o que as separa é a barreira invisível do que é imaginário e real.

Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está de pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

Fernando Pessoa

Friday, March 30, 2007

Luz Intermitente



Intermitências do dia e da noite
Cobrem a paisagem campestre
A luz que incendeia a cor
A tua imagem em mim reflecte.

Explicação desnecessária

Porquê explicar a não racionalidade voluntária
Se explicá-la é apresentar argumentos
Usar a razão que não queremos?

Wednesday, March 28, 2007

Iludo-me pela forma que bela
Adorna o conteúdo formal
Idealizado no ser racional.

Pois que sem beleza seriam as ideias?
Espinhos secos cortantes
Que ferem o corpo ignorante.

Monday, March 26, 2007

O outro lado da coisa

Amo-te sem querer.

Como outras que na minha vida passam, também tu passaste.
Mas foste tu quem realmente vi.
Solitariamente no percurso do meu olhar.
Única na racionalização que fiz de ti, do que me deste a entender. Racionalização apenas como apreensão na memória das características sublimes em ti que me aprisionam ao amor obrigatório da tua existência.
Amo-te porque me sinto bem ao pé de ti, porque gostaria de me sentir assim durante muito tempo, que tu estivesses ao pé de mim o máximo de tempo possível.
É isso amar?
É e é por isso que te amo. Sem mais razões.
A única razão és tu.

Filipe & Sofia

Filipe - Tenho o terrível defeito de exteriorizar as minhas emoções que são desencadeadas por outra pessoa.
Sofia - Isso é um defeito?
Filipe - É, tendo em conta que mesmo desencadeadas por outra pessoa, essas emoções são minhas e sendo minhas deixam de ter em contexto a outra pessoa. O que quero dizer é que me obrigo a amar a pessoa que me faz sentir assim, como se ela fosse em si mesma as minhas emoções. E as minhas emoções correspondem apenas a mim, satisfazem unicamente a necessidade que há em mim em preencher um certo vazio.
Sofia - Então quer dizer que tu gostas de mim porque decidiste que querias gostar de mim. Não foi mérito nenhum meu que te fez gostar de mim. Desculpa... mas isso não me faz sentir amada.
Filipe - Tu despertaste em mim emoções que me fazem sentir bem. Mas eu decido se quero continuar a tê-las ou não. Posso decidir que não te quero, mesmo sofrendo sabendo que não posso assim continuar a ter as emoções que me fizeste experimentar. O teu mérito é existires apenas. Achas que tens mérito nisso? Acho que temos mérito em sermos como somos. O amor livre não te faz sentir amada? Sentias-te mais amada se te dissesse que os meus impulsos bioquímicos impulsionados pela tua beleza ou fabulosa maneira de ser não me deixaram outra alternativa que não amar-te? Isso seria ser teu escravo. Não gosto desse amor em que se sofre perdidamente e que só assim é verdadeiro o sentimento.
Sofia - Não foi isso que quis dizer...
Filipe - Diz-me então o que te faz sentir amada.
Sofia - Não te sei explicar. Mas parece que me amas apenas para suprir uma necessidade como outra qualquer.
Filipe - A prova de que não necessito realmente de ti é o revelar-te assim cruamente o que considero ser o amor. Podia entrar aqui com lirismos enfeitados e ficar à espera que ficasses rendida, mas não. Disse-te claramente o que penso. E é por isso que é um defeito meu exteriorizar a quem amo que a amo. Porque na revelação crio uma distância entre os dois, e o que devia acontecer era eu fazer precisamente o contrário.
Sofia - Isto é confuso!
Filipe - Não me amas pois não?
Sofia - Não sei...
Filipe - Sinto-me estúpido por te ter dito, sinto-me estúpido por gostar de ti.
Sofia - Achas que amar-me é estúpido?
Filipe - O amor é estúpido... mas amo-te.

A porta intermitente

Batia com um enorme estrondo, que fazia ranger as paredes e o tecto e, por vezes, acelerava o meu coração a um ponto vertiginoso. Era uma porta estranha, tem de se dizer. Alternava entre a euforia tresloucada e a calmaria contagiante. Eu ficava ali, especado, a olhar horas e horas para a porta, vendo a sua transfiguração completa; a sua superfície lisa escondia inúmeros segredos, que eu nem me atrevia sequer a tentar desvendar, o homem não é mais do que a soma dos seus segredos, pois estes sempre carregam o que é genuíno e puro. Eles são a verdade que nós nunca saberemos (de que vale procurar a verdade?). Porém, por mais segredos que aquela porta possuísse, eu não conseguia parar de a fixar, havia qualquer coisa que me prendia a ela, que me aspirava os pensamentos e emoções. Era inegável, pelo menos para mim, que havia um elo de ligação entre nós.
Como um homem também se mede pela sua coragem, assim me têm dito, num momento de descontracção, avancei para a porta, determinado a saber o que havia por detrás dela. Esse mistério eu tinha de resolver. Deslizei a mão pela sua superfície, assimilando os seus segredos, com mil imagens e sensações a entranharem-se no meu corpo, rasgando e unindo, provocando o choro e o riso. Senti-me livremente preso e tristemente alegre e nunca me tinha sentido assim tão vivo! Abri de rompante a porta e a verdade projectou-se nos meus olhos e eu não estava preparado para isso. Do outro lado encontrava-se a minha vida, acenando-me energicamente. Ali estava ela, cheia de tons negros e claros, a transbordar de cheiros divergentes e com diferentes texturas. Era uma vida de contrastes, como todas as outras, mas encontrava-se à minha frente, à espera de que eu a fosse viver. Olhei para trás de mim e só vi o vazio, escuro e monótono. Como escolher entre o refúgio do vazio e os contrastes de uma vida vivida? Como saber optar entre viver e não viver?
Quando dei por mim, já tinha passado para lá da porta.
Fábio Santos

O Grande Português

Pois quem mais poderia ter sido?
Se Ele é o salvador da pátria, o milagreiro das finanças, o símbolo do autoritarismo do "ouvir e calar", se estamos em Portugal, Ele é o grande português! Com 41% dos votos:
António de Oliveira Salazar!
Eu já tinha referido, noutro post, que a vinda de um novo Salazar seria para muita gente a nossa salvação.
Referi também que tal ideia me entristecia.
Contudo, um programa de televisão vale o que vale, ainda que valha a opinião de mais de 200 mil votantes.
Estes resultados não são sentença nenhuma da história.
Gozemos apenas o facto de se livremente poder dizer que o maior português foi o português que mais liberdade cortou.

Saturday, March 24, 2007

Indecisão

Estar indeciso é a mais pura perda de tempo.

Porque esgoto forças para chegar à certeza.

Porque nada é, tudo pode ser...

E no confronto algo resiste à lógica.

Obtenho a certeza e deixo de pensar.

Porque estou convicto.

Surge o vazio do não pensar.

Quero ficar indeciso outra vez.

Abato a certeza.



(Será este o mecanismo que me rege no amor?...)

Wednesday, March 21, 2007

Dia Mundial da Poesia

Para assinalar o dia de hoje, deixo-vos um dos meus poemas preferidos.

Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...


Alberto Caeiro

Águas

Sobe a água límpida do pensamento
À realidade física vivida
Que a turva terrivelmente perfeita.

Destas águas beberei.
Turvas ou límpidas...

Tuesday, March 20, 2007

Alucinado

Auto-sofro sem vontade, mas sem motivo também.
Motivo objectivo, do que existe.
Pois porque sofro do que não existe? Não sei...
Mas sofro do que há em mim inexistente, ficcionado.
Fosse esse sofrimento ficcionado também e perderia eu o meu passatempo favorito: passar horas sem fazer nada, ficcionando, criando e sofrendo terrivelmente com isso.
Amo sofrer por mim, pelas minhas histórias mudas de pura reflexão do que há-de ser futuro e do que poderia ter sido passado.
Ficciono o presente com a firme convicção de que se não realizará o que ficciono.
Umas vezes ainda bem, outras ainda mal.
Mas se o presente do mal se realizasse não me faria sofrer mais do que já sofrera. E o presente do bem nunca me exaltará tanto como me exaltei imóvel na reflexão.
Talvez por esta ficção reflectida repetida, o que vivo não seja tão especial como anseio.
Porque sair do que é esteticamente perfeito no bem e no mal e entrar no mundo em que metade fica por dizer e outra metade fica por fazer é colocar-nos à margem das mais intensas sensações.
Procuro, ainda assim, tornar o que vivo o mais especial possível. E o que me alegra é que consigo deixar de ter pena de não estar a reflectir.
E não preciso de álcool ou droga para alucinar. Alucino por mim mesmo.
Amo ser alucinado...

Sunday, March 18, 2007

Baile de Finalistas

Ontem, e já hoje de madrugada, foi o meu Baile de Finalistas.
Gostei muito da festinha porque todas as meninas estavam lindas!
Os rapazes também estavam com pinta (à parte eu que parecia um cabide a envergar um fato... não faz realmente o meu género mas também não estava mal de todo :D ).
Dançámos muito, bebemos muito - água também!
São dias (ou noites) como este que ficarão para sempre na memória e saudade destes tempos. Eternamente retidos em fotografias, também, que exibirei neste blogue daqui por uns dias.

Saturday, March 17, 2007

Reflexão da tristeza

Nem os momentos tristes são perfeitos. Porque não são tão tristes como deveriam ser. Não são tão tristes como quando os idealizo.

Friday, March 16, 2007

Pensamento matinal

Se liberdade é, deixa de ser. Até a liberdade está cingida a ser outra coisa.

Carta

Querida amiga,

Tenho para te contar que o simples facto de não te ter escrito nos últimos tempos a nada de mau se deve. Deve-se apenas à minha incapacidade de reflexão e repouso mental em momentos de euforia. É por isso portanto que te revelo que os meus últimos dois dias foram de alegria extrema, não por motivos excepcionais, mas apenas por exaltação própria da minha personalidade.
Porém a necessidade chamou-me e com ela a minha vontade de te escrever. Porque nenhum momento é feliz se não tiver um pior de comparação que o possa assim qualificar. Porque tive já momentos melhores, descrevo-te este um de puro vazio. De tudo. Emocional, psicológico, reflectivo. Sempre soubeste que as letras são as minhas melhores amigas. E é por isso que te envio estas amigas. Não por pensar que ficarás melhor com amigas minhas, mas por pensar que pensas que ficarei melhor ao enviar-tas.
A chatice, desculpa-ma, a de teres que ouvir lamentações minhas que nem isso são. Enfim, para quê querer dar nome a uma coisa se, de facto, não há um nome que corresponda àquilo que te quero transmitir.
Ouve apenas com atenção isto. Não tomes em nenhum momento as minhas palavras em vão. Não por elas terem alguma coisa de divino, mas porque mesmo nas brincadeiras elas fazem parte de mim, do meu todo. Porque podes tomá-las a brincar e não o serem de facto. É verdade, o meu sorriso pode enganar...
As palavras, Márcia, as palavras!
Márcia, as palavras...

Wednesday, March 14, 2007

Lei

Criaram a Lei
Para eu me governar,
Mas se viver não sei,
Como me posso guiar?
Quiseram-na criar
Para dar liberdade
Hoje só sinto saudade
De ser eu a me limitar.

Sinto-me preso
Numa Lei livre.
E nunca saio ileso
Pois há alguém que mo proíbe.

Para sentir a verdadeira liberdade
Como eu desejaria
Viver numa pura anarquia!


Fábio Santos

Monday, March 12, 2007

Freespirit



Um olhar para a pose reflectiva
Fingida para a fotografia
Mas tantas vezes sentida.

Expensive Soul - 13 Mulheres



Deleita-me a noite acompanhado
Contigo quente loira suado
Perfeitamente noutra noite criada
Por divinos seres à lua acordada.

Curvas perfeitas choram por mim
Na ânsia da não perda de tempo
Do beijo que corta o diálogo
Sempre palavras as leva o vento!

Desculpa loira entrançada, adeus
Tenho que ir, alguém me espera
Uma morena enviada por Zeus
Lança-me um olhar que dilacera.

Balanço o corpo ao ritmo do som
Das luzes que focam o que me atrai
Emana o prazer louco que chama
A emoção carnal que nos trama.

No bom estético se esvai o tempo
São cinco horas em movimento
Despede-te e pede a deus que a cama
Nos volte a unir para a semana.

Saturday, March 10, 2007

Amar

Amar revela de nós
Necessidade de outra coisa.
Só quem necessita ama,
Porque necessita de amar.

Não amo o que não preciso
E amo mais o que me está longe.
Verdade, se tenho não necessito.
Não necessito não amo hoje.

Amo mais o que não tenho
Mais ainda o que sei que não posso ter.
Pois se amar fosse amar o que já tenho
O que havia no amar de prazer?

Loucura e Poesia

A definição de loucura induz a perda de faculdades no domínio da razão. Porém, na perspectiva do louco, nada há de mais verdadeiro do que o seu pensamento.
É curioso quando se repara que muitos dos loucos antigos, o já não são agora. O louco teve a imprudência de expressar as suas ideias fora do normal. Mas hoje até está cientifica ou eticamente provado que ele até tinha razão. Os seus contemporâneos é que são os loucos hoje.
Isto para dar a entender que a loucura não padece de verdade. É uma verdade de um sujeito único. Não contextualizada no meio e na época.
O poeta louco é remetido para a secção dos “a ter sucesso mortos”. Não são compreendidos no seu tempo. Até que alguém chegue e seja tão louco quanto ele e repare na verdade que se escondeu aquando do seu presente.
O louco sente-se à margem. Não comunga do que lhe é ensinado nem do que vive. Procura a sua perfeição. Abate tudo o que aprendeu. Reflecte fechado em si. Cria a anormalidade da sua perfeição.
Uma perfeição bela no mundo criado seu.
Não tem pudor de revelar a sua perfeição. Considera vergonhosa a normalidade.
Há uma metamorfose dos loucos que acontece quando a sua loucura se revela verdadeira. São os loucos que deixaram de ser loucos. O que determina esta metamorfose é o sucesso da sua loucura.
Considero Nietzsche um louco do seu tempo. Quem no seu completo juízo defende um eterno retorno? Uma constante transmutação de valores? Quem é que, na sua época, tem a insensatez de colocar a estética à frente da ética no hierarquia de valores? A escrita nitezscheana consegue derrubar tudo o que é tido como certo na sua época.
Ainda hoje é louco para muitos. Já não o é para outros. A sua loucura produziu impacto tornando-se verdadeira em quem o segue.
É um exemplo de um louco metamorfoseado em alguns. Completamente louco para outros.
A poesia é o meio de propagação eterno de uma loucura que se poderá tornar numa verdade.

Thursday, March 8, 2007

8 de Março





No dia 8 de Março de 1989 nasceu uma rapariga das que mais me marcou.
Uma das minhas melhores amigas de sempre.
Particularidade curiosa a de ter nascido no Dia da Mulher.
Uma inteligente menina, perfeccionista, de ideias fixas, pouco dada a modificá-las, preocupada, antes, em modificar as dos outros.
Tal como eu, o seu refúgio encontrava-se muitas vezes na escrita e muitas vezes em desenhos para os quais não tenho jeito algum.
Parabéns! Filipa, fazes hoje 18 aninhos!
Um beijinho eterno,
do teu amigo,
Pedro.
(Obrigado à Nélia pelos efeitos na fotografia)

Tuesday, March 6, 2007

Vangelis - Conquest Of Paradise




Algo renascerá
Sempre
Na música.
Com ela.
Através dela.

Que terá de tão especial?

O facto de intensificar tanto as nossas emoções como os acontecimentos mais marcantes das nossas vidas.
A música.
Sempre.
Símbolo de criação.
Catalisador de criação.
Catalisador da conquista

De um paraíso.
O nosso.

Triste

Tristeza despercebida
Na simples felicidade
De uma vida conseguida.

Triste de quem gritar
O eco da plena vitória
Se outra não desejar.

Monday, March 5, 2007

Devaneios

Há dias em que não queremos sonhar. Porque acordamos vazios sem vontade de viver. Preferimos pensar nas situações que nos fazem sofrer.
Mas enfrentamos o mundo com tanto para olhar!
E há tanta música especialmente criada para nos fazer sentir melhor. Parece quase impossível resistir ao que o mundo tem para a nossa vida embelezar.
Damos conta disso.
Outros,
talvez tarde, depois do tempo, sem nunca o ver, depois de morrer.

5 de Março

No dia 5 de Março do ano de 1933, o Partido Nazista, sob o comando de Adolf Hitler, ganhou as eleições parlamentares na Alemanha.
Um resultado que marcou todo o século XX.
Que deu início a um período em que se cometeram das maiores atrocidades, obedecendo a uma ideologia cruel congeminada por Hitler e que se encontra escrita no seu livro "Mein Kampf".
Por cá tivemos um Salazar. Com uma ideologia politicamente parecida. Não tão atroz.
Mas privados de uma liberdade de que nunca me vi privado: a liberdade de expressão.
Dou-lhe valor. Muito. Mesmo sem nunca ter tido a falta dela. Agradeço a todos os responsáveis pelo 25 de Abril.
Porém, é com tristeza que oiço, não rara vez, que é um Salazar que nos falta.
Essa figura ainda é por muitos idolatrada, aparece como o salvador da pátria.
Não comungo dessa ideia.
Não me privo de liberdade!

Friday, March 2, 2007

Coldplay - Fix You




O banco de jardim era confortável e acolhedor. Dali se viam as coloridas flores que pintavam o parque, as imponentes árvores que davam a aparência de chegar ao céu e o pequeno lago, também ele com pequenos e irrequietos peixes. Eu estava sentado, descontraidamente, a contemplar todas as cores que os meus olhos absorviam, numa tentativa fugaz de absorver todas as cores do mundo. Era ali que eu me sentava quando estava cansado ou quando procurava uma resposta para a minha vida, se é que se pode chamar vida à minha ingénua existência. Seria, quase de certeza, mais uma das minhas rotineiras passagens por aquele banco, até ela aparecer.
Automaticamente os meus sentidos ficaram em alerta e apuraram-se. Apesar de não me conseguir ver a mim próprio tenho a certeza de que a minha cara adquiriu aquele tom rosado que ganhava sempre que ela se aproximava. Vinha ela grandiosa como sempre, com a face a ser constantemente beijada pelo vento. Mas algo estava diferente, havia uma mancha de tristeza na sua face. Deslizando penosamente chegou até à beira do lago, bem de frente para mim, apesar da distância. E após uma observação mais cuidada, reparei que vários fios de lágrimas escorriam dos seus bonitos olhos. Estava profundamente abalada, perturbada, triste, no completo sentido da palavra. Um frio trespassou-me o corpo ao olhar para ela. Ninguém deveria chorar por tristeza, mas somente no mais pleno estado de alegria. Lembrei-me então das astutas palavras de um senhora idosa, quando, um dia, à minha frente, um neto dessa mesma senhora chorava e ela delicadamente lhe dissera que chorar era a “alma a lavar-se”. É impressionante como o tempo faz as pessoas sábias.
Subitamente, como se alguém me empurrasse, levantei-me e dirigi-me ao seu encontro. Ela continuava a olhar para o lago, cabisbaixa. Quando cheguei perto, levantou a cabeça. Olhei intensamente para ela, vendo a tristeza a escorrer-lhe pela cara e a maneira incrédula como me fixava, maneira, aliás, perfeitamente normal de observar um desconhecido. Cuidadosamente, passei-lhe a mão pela cara, como quem toca na mais linda porcelana e com o polegar limpei-lhe todas as lágrimas do rosto. Ela continuava a olhar para mim, mas sem a maneira incrédula, parecia apenas mais calma e segura. Quando acabei, lacei-lhe um breve sorriso, ao qual respondeu com um pequeno rasgar dos lábios. E por fim, sem mais alguma lágrima para limpar, ela afastou-se, mirando-me, enquanto o meu coração lhe dizia adeus.
Acabei por regressar ao banco, sentando-me novamente. Levantei a cabeça para o céu e passando as mãos pela cara senti os meus olhos húmidos. Talvez devido ao cansaço, ou por não encontrar as respostas para a minha vida, pequenas e suaves lágrimas começaram a deslizar pela minha face. Quem sabe, como dissera a tal senhora idosa, talvez fosse a minha alma a lavar-se. Talvez.



Fábio Santos

Thursday, March 1, 2007

Antonio Vivaldi - As Quatro Estações (Inverno - Parte I)



Este excerto é interpretado por Nigel Kennedy.

Foi há uns dois anitos que a música clássica me começou a interessar de um modo mais intenso. Precisamente com este concerto visionado numa aula de Filosofia.
Desde então, a música clássica tornou-se num dos meus géneros preferidos, com Vivaldi a assumir um lugar de elevado destaque nas minhas preferências.

Obrigado Stor Gomes! Ou devo dizer ai valha-me deus?!

Pensamento do dia

"Não há lei que possa declarar um homem livre, se ele próprio não está disposto a bater-se pela liberdade que lhe deram e a pagar o preço que ela exige - sempre."

Miguel Sousa Tavares

Por Ti

Abraçam fracos o tronco ousado
Que se apodera de mim rendido.
Apoiam o peito suado vencido
Os braços do meu corpo cansado.

Admiram-te feminino ser
A face por mim apaixonada.
Percorrem-te o corpo de fada
Os meus olhos a ferver.

Encantam-te só e distraída
No teu olhar enternecido.
Tocam os teus no gemido
Os lábios em ti vencida.

Wednesday, February 28, 2007

28 de Fevereiro

Hoje, no Brasil, é comemorado o Dia da Ressaca.

Não sei qual o significado real deste dia para os brasileiros.
Mas, aqui entre nós, se amanhã não tivesse aulas ia comemorar o dia à letra.
Amanhã na ressaca.
Hoje na bebedeira!

;)

Tuesday, February 27, 2007

A vida

A vida humana é mais importante que as outras vidas. É o que dizem.
Os argumentos são alguns, as evidências são as convicções de cada um.
Mas qual é o critério que determina o valor da vida de cada espécie?
É que, mesmo dentro dos outros seres vivos, fazemos uma diferenciação no valor que damos à vida de diferentes espécies. Vejamos:
- mata-se para comer (ainda que já haja um grupo crescente na sociedade - vegetarianos - que utilize o argumento de que se não devem matar os animais para comer);
- mesmo para comer custa-nos mais matar um cavalo do que um porco (não se come carne de golfinho, pois não?!)...;
- várias pessoas defendem que só se deve matar para comer;
- os ratos são as cobaias que assassinamos nos testes a futuras técnicas a utilizar em nós;
- matamos sem qualquer pudor milhares de seres que perturbam a actividade normal do nosso organismo através de medicamentos;
- aparecer uma galinha morta no quintal ou um golfinho morto junto à costa fere a nossa sensibilidade de modos diferentes;
- há quem defenda que essa distinção tem a ver com a inteligência de cada espécie (talvez não saibam que o vírus da SIDA - os vírus não são considerados seres vivos, mas são seres - quando está activo no nosso corpo instala-se nas nossas células e integra o seu material genético no nosso, multiplicando-se a partir de nós próprios. Inteligente, não?).
Pergunta nova: qual é o critério que diferencia o valor da vida de cada espécie, exceptuando a humana?
Parece-me que a única ética por nós praticada é a da lei da Natureza, a selecção natural de Darwin: o mais forte vence.
E isso está correcto? Se está, por que razão não se aplica ao Homem também? Porque é que não posso matar um amigo se tiver fome?

Sunday, February 25, 2007

Amanhã

Amanhã faço o que sonho hoje.

É assim que espero.
Todos os dias.

Amanhã é o dia.

Mas o amanhã de ontem é um dia diferente de hoje.

Mas hoje é o amanhã de ontem.

E que mudou? Não devia realizar o sonho?

Não!
Tenho sonhos para amanhã...

Eurythmics - Sweet Dreams

'

Thursday, February 22, 2007

Quem se não despede de mim?

No olho nasce a lágrima
que vai por mim
nos devaneios.

O sentimento de desejo
do regresso
ao que fui já não sou.

O sonho pensado
catalisador da metamorfose
do que era

Transformado no que sou
hoje presente e futuro,
eu!

Quem se não quer despedir do que fui?

Eu sou eu. Mas outro.

Wednesday, February 21, 2007

As Intermitências da Morte

Nesta madrugada acabei de ler o livro que comecei a ler na manhã de ontem: "As Intermitências da Morte" de José Saramago.
É uma perspectiva interessante do que aconteceria se a morte deixasse pura e simplesmente de matar.
Aquilo que porventura será e terá sido um dos maiores desafios da humanidade, em todo o sempre, não se revela tão benéfico como poderia, à primeira vista, pensar-se que seria.
Gostei da preocupação da icar (Igreja Católica Apostólica Romana) quando se deixou de morrer, porque havia um grande problema: sem morte, a icar deixava de fazer sentido, porque a ressurreição - que é o maior ou único trunfo da icar- não é possível sem se morrer primeiro. Descobre-se (se é que já se não sabia) que a icar é uma religião não da vida, mas da morte.
Perspectivando na minha pessoa, estou em crer que a tendência é que a morte mate cada vez mais tarde. Vencendo a barreira que deus expressa na Bíblia, barreira essa que diz que o Homem nunca viverá mais de 120 anos...
O Homem deve sempre encontrar meios para que nunca se morra. O Homem deve ter a liberdade de querer morrer ou não. E se tal for possível, porque não? Se for possível não morrer por causa da velhice, o Homem será muito mais livre. Se quiser morrer, tem a liberdade de se matar.

Tuesday, February 20, 2007

Ecce Homo

Acabei ontem de ler o livro "Ecce Homo" de Friedrich Nietzsche.
Em todo o livro, o autor faz questão de que os leitores fiquem a saber que ele é o melhor, é o detentor da verdade.
Tome-se como exemplo os títulos de alguns capítulos do livro: "Porque sou tão sábio", "Porque sou tão sagaz" ou "Porque escrevo tão bons livros".
Manisfesto ateu, crente apenas do espírito da mitologia grega, em especial do deus Diónisos, toma o Homem como Homem livre, sem moral, sem deus.
Reforça, uma vez mais, a ideia de transmutação dos valores. Que se derrubem todos eles, os valores que nascem com as sociedades.
Que se crie tudo de novo! Sempre!

Monday, February 19, 2007

Mulher (Mu)

Elemento: Mulher
Símbolo Químico: Mu
Massa Atómica: Por volta dos 60
Raio Atómico: Bastante irregular; não apresenta sempre as mesmas dimensões; na forma perfeita tem 86-60-86, contudo é rara essa espécie de Mu
Origem: Inventado em laboratório, de modo a criar pontes de hidrogénio (H) com Adão
Ocorrência: Espalhado por todo o planeta Terra; os outros planetas ainda não tiveram o azar de serem povoados por Mu
Estado físico na Natureza: Sólido
Propriedades Gerais:
Elemento delicado, reage com facilidade;
Estrutura curvilínea;
Raramente se encontra na forma atómica, frequentemente se reúne em aglomerados moleculares com outros Mu
Ganha massa com o passar dos anos, o que provoca o seu isolamento em pequenos aglomerados apenas de Mu
Aparência pura, porém o seu grau de pureza é reduzido
Emite sons com radiações perigosas
Provoca campos eléctricos de grande amplitude
O seu espectro de emissão varia de acordo com o seu estado de humor
Propriedades Químicas:
Cria bastantes ligações com o átomo Ap (Aspirador)
Reage com o elemento Hm (Homem) - reacção exotérmica; a molécula formada é HmMu7 (cada átomo de Hm necessita de 7 Mu para ficar estável); é uma reacção incompleta, pois a meio da reacção Mu fica com dores de cabeça;
Se se encontrar na sua forma perfeita, provoca uma forte excitação no elemento Hm
Em solução aquosa, Mu comporta-se como uma base
Possui alto poder oxidante
Utilidade:
Óptimo na limpeza de casas de banho
Desinfectante eficaz na lavagem de pratos
Se se encontrar na forma perfeita, é um bom relaxante após um dia de trabalho
Cuidados:
Não há cuidados específicos a ter, pois os seus comportamentos são imprevisíveis; ainda não é possível determinar com exactidão o que as faz irritar; pensa-se que possuem um mecanismo próprio de se auto-irritarem, não existente em mais nenhum elemento químico
Poder sobrenatural:
A sua forma fica ilusoriamente modificada, parecendo perfeita, se tiver umas boas calças de ganga.

Liberdade selvagem

Liberdade delimitada por um lago.
Liberdade.
Para a frente e para trás.
Navegam por onde querem
Porque são livres dentro de margens.
Ou porque pensam que são livres
Porque não conhecem o que está fora delas.
Mas continuam livres.
E invejamos-lhes a liberdade.

Sunday, February 18, 2007

Outwork - Elektro



Frio da rua não cá dentro
Transpiro calor da dança
Faíscada de luzes brancas
Nado em álcool fresco
Entro em transe profundo
Guiado pela visão turva
Das curvas femininas
Famintas irrequietas
De um corpo que quer
Um beijo.

Meu.

Saturday, February 17, 2007

17 de Fevereiro

Neste mesmo dia, no ano de 1600, Giordano Bruno foi queimado vivo pela Inquisição.


A sua heresia foi defender uma teoria segundo a qual o Universo é infinito, povoado por milhares de sistemas solares, contendo vida inteligente. Lançou as bases para o Panteísmo de Espinoza.


Enfrentou a Igreja Católica e os princípios de Aristóteles que eram defendidos na sua época, mesmo tendo-se doutorado em Teologia pela Ordem Dominicana e estudado profundamente a filosofia de Aristóteles e de S. Tomás de Aquino.

Um exemplo de liberdade!





Hoje faz 26 anos que nasceu Paris Hilton.

Uma das maiores beldades do nosso planeta. Uma das minhas deusas preferidas.

Modelo, actriz, cantora, capa de revistas, faz tudo para que se fale dela.

E ainda bem que o faz :P

É bonita e pronto!

É o que é preciso para se ser famosa.