Sunday, May 6, 2007

Verdade (in)consciente

Que louco supõe na morte a fuga eterna do mundo inverso ao real que toma a sua vida sem consentimento livre - inequivocamente voluntário? O consciente ou o inconsciente? Em todo o caso, qualquer louco consciente é inconsciente. Pois se admite a loucura de ser amplamente diferente do padrão instituído - que não raras vezes o afecta no plano sentimental, não sendo feliz na loucura -, não poderia conscientemente iludir-se - talvez tornando-se mais louco... - e criar um mundo conscientemente ilusório que o fizesse feliz? Pena que o louco sacrifique a sua felicidade em prol da absorção total da verdade que institui para si.
Filipe, O Louco, se fosse rei teria um cognome, vê na morte o fim. Da loucura e outras diabruras verdadeiras ou não, racionais ou pelos sentidos apreendidas. É consciente da sua loucura e toma por elogio que tal sorte o tenha assombrado. Quantas vezes sorriu, em cima da ponte, da terrível percepção da verdade que o faz feliz e infeliz, instantaneamente - porque múltiplo é ele e de multiplicidade vive -, troçando das verdades que criadas por si, e pelos outros, consegue assassinar em segundos de queda breves banhados de sangue vermelho vitorioso de para ele deixar de haver verdade.
Pois que verdade tem valor sem sujeito?
Pois que sujeito tem valor inferior a qualquer verdade?

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