Tuesday, January 30, 2007


Pecado no lábio tremente

Receio na velocidade do acto

Significado do amor

Em outro lábio apoiado.

As palavras

Girl - Pedro, adoro-te. És o rapaz da minha vida! Não me imagino a viver sem ti. Amo-te... amas-me?
Eu - Não sei. Como te hei-de explicar? Não sei se "amar", para ti, significa o que sinto por ti. Eu sinto uma emoção por ti, agrada-me estar contigo e pensar em ti. Mas eu não "uma palavra" por ti. Uma palavra não pode exprimir objectivamente o que sinto.

TPC de Português



Foi no décimo ano. Havia um trabalho de Português em que tínhamos que construir um textos a partir de algumas palavras soltas.
Estava em fase de tratamento de uma depressão e, por isso, a minha cabeça estava sempre ocupada com pensamentos que me faziam lágrimas. Tal como no momento em que escrevi o texto. E estava a ouvir esta música que parece que nem tem grande relação com o tipo de emoções por que estava a passar. Mas foram estas as condições (o efeito que a arte - música - tem sobre mim é imenso, coloca-me numa situação imaginária). Aconselho a leitura do dito texto ao som da música.

"É num amanhecer repentino que minha alma acorda para um novo dia. Olho pela janela e vejo as nuvens brancas ainda a bocejar no céu azul. O sol, ainda um pouco escondido, cumprimenta-me e sorri para mim como se fosse um presságio de que o dia me correrá bem. Dirijo-me para a sala onde está a aparelhagem, ponho um CD em reprodução e coloco a minha faixa preferida. Aumento o volume para o máximo e oiço “Better of alone” de Alice DJ. Tiro a minha t-shirt e fico apenas com os calções azuis com que dormi. Abro a porta da varanda e subo para o beiral abrindo os braços e observando tudo o que há de bom no mundo. Nisto, meus olhos ficam carregados e não consigo suster as lágrimas que escorrem pelo meu rosto. As lágrimas são o símbolo dos tormentos da minha vida. O amarelo do sol e a frescura da manhã tentam transformar-me, assim como se eu pudesse voar, assim como nos sonhos. Mas, na realidade, tudo era mesmo um sonho e acordei de vez para o meu inferno, o dia-a-dia da minha vida. Uma vida que acabará sem que eu, algum dia, tenha alcançado o meu mais profundo desejo."

Sunday, January 28, 2007

Vergílio Ferreira



A 28 de Janeiro de 1916, nasceu Vergílio Ferreira.

Em boa hora, acrescento.

Vergílio Ferreira é o meu escritor português preferido. Já tive oportunidade de fazer uma breve referência ao modo como conheci o escritor, na leitura, num comentário a um post (que me elucidou precisamente o facto de hoje fazer 91 anos desde que Vergílio nasceu) no blog http://www.aijesus.blogspot.com

É um escritor que partilha a mesma visão existencialista do Homem com o seu contemporâneo filósofo francês Jean-Paul Sartre.

É o autor de um dos livros da minha vida: "Aparição".

Um livro que me projectou mais solidamente para a filosofia ;)

Que viva para sempre entre nós, o Vergílio, com o reconhecimento da sua obra!

Saturday, January 27, 2007

Como viver?

Não sei responder à pergunta e, acrescento, ainda bem!
É bom saber que não há um caminho melhor que todos os outros para se poder ser feliz.
Confesso que me sentiria mal, privado de liberdade, se soubesse inequivocamente que a melhor forma de se viver para se ser feliz era uma.

O conceito de "felicidade" varia de pessoa para pessoa. É essa multiplicidade que o conceito tem que faz com que as respostas à pergunta "Como viver?" sejam uma imensidão. Cada pessoa tem objectivos diferentes, personalidade diferente, educação diferente, vive num meio diferente, tem um corpo diferente e, no meio de tanta diferença, é quase impossível que haja pessoas que tenham conceitos de felicidade iguais e que para os atingir escolham caminhos (modos de viver) iguais. Porque o melhor modo de viver não é outro que não o que vise atingir os objectivos a que nos propomos, sejam eles a vida eterna no Além, trabalhar para sustentar a mulher e os filhos, ter uma vida tranquila sem preocupações, viver intensamente cada momento da sua vida, etc, etc...

A minha vida, o que espero dela, é comandada por sonhos, por utopias. Não me cabe na cabeça, não é da minha natureza, cingir-me a coisas pequenas: gosto de pensar em grande e trabalhar em torno desse sonho para o atingir. Gosto de pensar que estou a viver nesse sonho, num objectivo escolhido por mim e não por uma força superior.
O meu sonho, os meus sonhos, não escondo, é escrever sempre com talento, imaginar que as pessoas que me vão ler gostam, viver com tranquilidade mental, com o meu espaço, com o meu tempo, viver intensamente o que penso, levar as minhas ideias e os meus sonhos ao êxtase do meu corpo. É isso que quero para mim.
Não interessa se vou ter uma mulher ou não. Se vou ter filhos ou não. Se vou ser rico ou não. Quero ter orgulho em mim e no que faço. Porque tenho vontade de poder! Porque sou um milagre da genética! Porque quem importa sou eu!

E que Deus me castigue, se existir, se achar que não segui o melhor caminho, o dele, mas é de mim que gosto e é por mim que vivo.

Há um rapaz

Há um rapaz na imensidão deste mundo que é detestável. É detestável porque pensa que as estrelas cintilantes do vasto céu, apenas servem para o guiar. Pensa que, de algum modo, todos temos um caminho a seguir, uma meta a cortar, um objectivo a concretizar. E é aqui que as suas estrelas entram, para o guiar nesses sinuosos percursos. Como é ingénuo esse rapaz…
Há um rapaz na imensidão deste mundo que é detestável. É detestável porque vive na ânsia de encontrar o seu amor perfeito, a sua cara metade, o que lhe queiram chamar. Talvez esse rapaz esteja longe de pensar que, provavelmente, o amor não seja mais do que simples impulsos químicos, uma necessidade básica como qualquer outra, e não o magnífico sentimento que tanto lhe tentam explicar e impingir. Pobre rapaz…
Há um rapaz na imensidão deste mundo que é detestável. É detestável porque sonha colocar as palavras no lugar das palavras, os seus pensamentos no papel, e não compreende como árdua é essa tarefa para um simples rapaz como ele. Esse rapaz também pretende viver uma vida calma, tranquila, de modo a acolher a morte (essa senhora de capa preta, de face oculta, com a foice na sua mão) de braços abertos, sem medo. Mas como está longe esse rapaz de pensar que a vida é tudo menos isso! Pelo contrário, é um caminho íngreme, cheio de tumultos e o que faz é somente assustar-nos e retrair-nos até ao dia do último suspiro.
Há um rapaz na imensidão deste mundo que é realmente detestável. Esse rapaz sou eu.


(um enorme agradecimento ao Pedro, por permitir que os meus devaneios apareçam na sua “fonte”, onde nada se perde e nada se transforma, mas onde tudo nasce.)
Fábio Santos

Friday, January 26, 2007

26 de Janeiro

Foi a 26 de Janeiro de 1531 que se deu um grande (ou não...) dia.

Um terramoto que vitimou 30 mil pessoas, em Lisboa.

E quantos não gostariam de o ver repetido pelos lados de Belém e São Bento?

:D

Thursday, January 25, 2007

Rui da Silva - Touch Me

Adoro o ritmo. O estilo. O género. A música transcende-me, faz-me "encarnar" um personagem. Esta música leva-me a sonhos e a acções que não faço usualmente, mas que me preenchem o pensamento.


eterna secura do cerne
vazio de significado
conteúdo deformado.

eterna nutrição do cerne
cheia de significado
conteúdo deformado.

as palavras, claro está.

Wednesday, January 24, 2007

O Trágico

A minha vida transfigurou-se, porque tu apareceste!
Quem diria que aquela ingenuidade, de tanta inocência aparente,
Se tornaria o meu próprio sonho,
Despertando um desejo atraente?
Um desejo eterno, impossível…
Mas ensinaste-me a ler os olhos
E faço-o quando olho no teu rosto.
Pediste-me uma mão e dei-ta!
Mas tu entraste sem pedir,
Fizeste parte dos meus sonhos, levaste o meu coração…
Mas tudo me soa a (des)ilusão!
Porque os gregos seriam profetas
E tudo isto se parece com suas peças.
Sinto que o trágico acontecerá,
Algo de mau me puxa a consciência.
Talvez os filósofos sejam obrigados
A serem irreversivelmente celibatários.
E não é só isso! Sinto necessidade da dor,
Porque é lá que somos mais belos.
Sinto a impotência kafkiana a tomar-me agora, a levar-me…
Mas eu sou um Romântico,
Essa espécie cruelmente desaparecida,
Que tentava brilhar de novo no auge dos tempos! Do sonho!
E posso sonhar contigo!
Deixar que me roubem os teus olhos,
Que sejas de outro, que sejas só tua…
Mas ninguém me rouba o sonho,
Ele é meu e lá faço o que quero!
Mas, caindo sob a gravidade terrestre,
É a impotência kafkiana que encontro.
E tu pedes-me para subir mais!
Mas não percebes que é no sofrimento,
O da existência, o do Romantismo trágico que mais alto se sobe.
Eu ofereço-me a ti. Aceita!
Quero que saibas, no entanto,
Que por estares mais alto, não estás mais perto do topo.
O topo não existe, ele é cada um de nós,
É impossível como tu,
Como eu, impossível como o sonho,
Impossível como a metafísica,
Mas, é nessa impossibilidade que achamos engraçada esta vida,
Sem nexo, sem rumo aparente…
Liberto-me então deste planeta
E vou sonhar contigo,
Porque estás apaixonada,
Pelo pensamento, pelo sonho, pela filosofia!
Estarás disposta ao eterno retorno?
Se estás, vem comigo caminhar sobre as estrelas,
Aquecer-te no Sol…
É no vácuo que flutuo e me perco nos teus olhos,
Nos teus cabelos que adoro!
Lá não consigo respirar, mas não preciso,
Porque te amo…


Memórias de um espírito (o meu livro)

Monday, January 22, 2007

multiplico-me pessoanamente
sou feliz e infeliz
conforme me multiplico.

porque a entidade
floresce do que pensa
do que sente, uno.

uma ideia, duas três.
um sentimento, dois, três.
o quê? quais?

e todos me constroem.
e na unidade
feliz ou infeliz?

Crónica de quem não é feliz

Há um tempo atrás, não muito, um amigo meu, dos poucos que realmente tenho, chegou-se até mim, sem qualquer traço de alegria no rosto e sem uma ponta de brilho nos olhos, e confidenciou-me:
- Não sou feliz!
Disse isto com uma voz trémula, nervosa, desmotivada. Foi então, que olhei bem para ele e vi como mal ele estava. Parecia não ter alma, a pele estava seca e áspera, os olhos lacrimejantes descaídos sobre umas enormes olheiras. Diria quem o visse que parecia um morto-vivo, nem vivo, nem morto.
- Ora! - respondi, atabalhoadamente, surpreendido ainda pela sua confissão - afinal de contas quem é plenamente feliz? Ninguém é totalmente feliz!
- E como é que sabes isso? - questionou.
A isto respondi-lhe na hora, mas o que importa relato-o agora.
Vivemos com a convicção de que nascemos para ser felizes. No entanto, quantos de nós são totalmente felizes, contando todos os segundos, minutos e horas que compõem os trezentos e sessenta e cinco dias do ano? Ninguém.
Ninguém é mesmo feliz. O Homem é muito instável de espírito. Nem com os vícios essa felicidade é atingível. Não é feliz o bêbado, pois se o é enquanto tem o álcool a correr-lhe nas veias, após o seu efeito passar o que sente é tudo menos felicidade. O mesmo se aplica aos toxicodependentes e aos viciados no jogo. Os vícios dão-nos a sensação de liberdade que não é mais que uma ilusão de felicidade, uma felicidade temporária. E como arrogantes somos! Enquanto nos queixamos de barriga cheia da falta de felicidade, milhões de pessoas não têm um pão sequer para levar à boca, para enganar não a felicidade, mas sim o estômago.
Que ser mais estranho é o Homem! Sabemos mais sobre as luas de Júpiter (a milhões de quilómetros do nosso planeta) do que sabemos sobre o comportamento humano.
E podem perguntar para que serve afinal a felicidade se é inatingível. Serve como motivação, algo a que nos resolvemos agarrar. Não podemos atingir a felicidade, mas só conseguimos viver se pensarmos que a podemos, mais tarde ou mais cedo, obter.
Enfim, esta crónica não é somente para alguns. É para todos, pois todos fomos, somos ou seremos infelizes.
"O caos é uma ordem por decifrar" Livro dos contrários
Fábio Santos



Estás distorcida
em mim, na memória.
Sempre procuro
imagens tuas,
reais, para tornar-te nítida em mim.

E sonho com o teu beijo
que há-de aparecer
no futuro distorcido
clarificado pelo presente
da tua visão.



(Obrigado à Nélia pelo grafismo da foto e à Ângela por ser a modelo)

Nelly Furtado - All Good Things Come To An End




Tudo o que é bom acaba...

Parabéns à Nelly pela música linda :)

Sunday, January 21, 2007

Consuma moderadamente


Num daqueles dias eufóricos, em que estou levado da breca.
O fundo é um jardim em Aveiro, o modelo é um freespirit!
:D
Obrigado ao Rui e ao William por esse dia!

Johann Wolfgang Goethe


"Pensar é mais interessante que saber, mas é menos interessante que olhar."


Olhar e Ver

Tudo começou, aliás, como muitas vezes começa, numa aula. Provavelmente poderia ser mais uma questão banal, daquelas a quem ninguém liga, pois a resposta em nada modifica o rumo do nosso quotidiano, aborrecido e rotineiro.
A questão surgiu bem à frente das lentes dos meus óculos. E é engraçado que, sofrendo eu de um dos mais belos sentidos à nossa disposição, a visão, essa questão pertinente se tenha colocado. Será que olhar é o mesmo que ver? era essa a questão.”Claro que sim! Que pergunta mais estúpida!”, estarão vocês a pensar, ou pelo menos a maioria. Porém, para mim, as coisas são bem diferentes.
Quando olhamos estamos meramente a ter a percepção da realidade que nos rodeia ao passo que, ao vermos, estamos a olhar e a pensar simultaneamente, isto é, a reparar numa pequena fracção dessa realidade. Assim, pode ocorrer que, em certas situações, podemos olhar sem ver, mas não podemos ver sem olhar primeiro. E a comprová-lo está o frequente exemplo de quando pomos os olhos em cima da pessoa especial que nos arrebatou o coração, que nos faz andar sem rumo, com a respiração e o coração acelerados, vivendo cada dia na ânsia de a voltar a ver (ou a olhar, já não sei!).
Da primeira vez que entrámos em contacto visual com essa pessoa especial, não a olhámos mas sim vimos. No meu caso, vi os seus cabelos negros como a noite, a sua cara branca como a neve e os olhos verdes de esperança, bem como o seu corpo de deusa, deslizando num imenso mar de beleza, combinado com o cheiro de frescas rosas. Isto nunca teria acontecido se simplesmente a tivesse olhado, pois olhei para uma multidão de mulheres e só a vi a ela. Por isso hoje sou feliz, não por a ter olhado, mas sim por a ter visto.

Se puderes olhar, olha; mas se puderes ver, entende.


(com um grande abraço para o Fábio Santos, a quem agradeço a colaboração)

Saturday, January 20, 2007

Previsões...

http://
não fiques aí ao frio
vem-te aquecer em mim
no calor do meu corpo.

não tenhas medo
do sobreaquecimento
o suor resfria.

não acredites
no que pensas de mim
é mentira.

acredita nos sentidos
que te fazem
amar-me.


É verdade! O equipamento, mesmo para os mais desligados do futebol, é reconhecível por (quase) todos. Chelsea. Esse mesmo, o do Mourinho, do russo Abramovich, o dos milhões.

Dinheiro certamente não será o que falta a um indivíduo jogador de futebol que actue na Premiership, com vínculo contratual com o Chelsea, ainda que esteja emprestado ao Portsmouth (clube dirigido por outro magnata). Porém, estas coisas acontecem... esse, que falei acima e que está estampado de cócoras, chama-se Glen Johnson e foi apanhado a roubar, imagine-se, uma tampa de sanita e um conjunto de torneiras! Algo que os seus, talvez não milhões mas certamente, muitos milhares não conseguem comprar...

E pensar que talvez eu seja milionário... pelo menos nunca precisei de roubar material de casa de banho.

Uma salva de palmas



20 de Janeiro de 1554.

Faz hoje precisamente 453 anos que nasceu D. Sebastião.

O mito português, o maior depois dos religiosos!

A bravura, a rebeldia do miúdo merecem uma salva de palmas.

Longa vida ao Rei!

Thursday, January 18, 2007

A eutanásia

Deitado na minha cama de hospital, alugada eternamente, oiço, de olhos fechados delirante, o médico que já vejo meu a falar com o padre enviado por alguém da minha família com o objectivo de me tirar as "ideias malucas" da cabeça.
Padre - A vida é o valor absoluto da humanidade. Católico ou não católico, crente ou ateu, todo o indivíduo tem direito à vida.
Médico - Queira desculpar-me por lhe dizer que está a cometer um erro de raciocínio. Precisamente: a vida é um direito. Mas em nada isso afecta a validade da vontade do meu doente. Direito não equivale a dever. Valor absoluto da humanidade: a vida? Talvez... mais que a liberdade? Até que ponto?
Padre - Jesus Cristo veio ao mundo sofrer por nós. Como pode falar de liberdade, da liberdade de querer perder a vida, renegando o maior legado que Deus nos deixou? A própria vida...
Médico - Jesus Cristo sofreu e morreu. O que você quer é que este homem aqui deitado encarne o sofrimento de Jesus Cristo eternamente. Que fique na cruz para sempre. Onde está a liberdade deste homem? Será que está retida nas mãos de Deus?
Padre - Deus decidirá o momento desse homem partir. Não queira fazer de Deus.
O padre saiu do quarto, sem falar sequer comigo. O seu objectivo era fazer uma lavagem ao cérebro do meu médico, impedindo-o eticamente de me fazer a vontade. O meu médico, o meu melhor amigo daquele momento, abeirou-se da minha cama. Não abri os olhos, não conseguia. Ele sabia-o bem. Pegou-me na mão, senti na sua uma convicção enorme e inabalável do que tinha a fazer.
Médico - Que se faça a tua vontade. Não tens que sofrer, não tenho que te fazer viver contra a tua vontade. Neste momento, não sou médico, mas teu amigo.
E, num movimento que significou a minha salvação, a fuga da dor, desligou a máquina, (ar)riscando a sua vida profissional, enfrentando o padrão da moral, perfeitamente consciente de que fizera a escolha certa: não para Deus, não para a lei, mas para mim.

Os meus sonhos

Têm-me vindo a acontecer fenómenos estranhos.
Há dias tive um sonho. Relacionado com a escola, com os colegas, mas sem nexo, com situações pouco prováveis de acontecerem.
Contudo, com sensações que costumo experimentar. E tão reais como se estivesse acordado.
Essa história, contei à Cátia, vou escrevê-la, arranjando-a com pormenores meus.
Mas o diabo é que me apaixonei pelo raio do sonho e todos os dias sonho com a mesma história, em episódios diferentes, como se estivesse a ver a Fox.
Esta noite não foi excepção. Foi uma noite difícil. Até febre tive. E, tal como vem sendo hábito esta semana, até me custou a adormecer. Acordei várias vezes com a emoção do sonho. Encarnando o personagem. Comecei a escrever hoje, vou tentar organizar os vários episódios desta série numa história com princípio e fim.
Será um trabalho de relato e não de criatividade, porque o sonhei. Não o criei.
Críticas depois não mas façam. Porque não fui eu que inventei. Mérito? Dos meus sonhos.
Então de que(m) é o mérito?

Wednesday, January 17, 2007

O mito desvaneceu-se

"O mito é o nada que é tudo."
Uma vez, apareceu o Messias. Profetizou a ressurreição. Profetizou uma vida bela após o cumprimento de regras numa vida menor.
E essa vida bela permaneceu, para sempre, em quase toda a gente, na sua mente, constituindo o ideal de vida que ansiavam. Ainda que não sabendo que especificação de vida.
Mas essa vida tinha sentido aparente.
Uma vida superior, espiritual.
Uma vida mística. Que significava tudo. A salvação, a oportunidade de atingir um dos maiores objectivos da humanidade: a vida eterna.
Porém, apareceu o Messias da vida terrena. E disse que essa vida, a mística, não existia.
E que o outro Messias profetizava ideais ascéticos, que eram maléficos ao indíviduo livre.
Este Messias disse que se o único sentido possível para a vida terrena é aspirar uma vida espiritual, então, reneguemos esse sentido e fiquemos sem sentido.
E que se construa tudo de novo.
Sem mitos.

Sunday, January 14, 2007

"Para muitos, pensar e escrever é uma tarefa fastiosa. Para mim, nos meus dias felizes, é uma festa e uma orgia."

Friedrich Nietzsche

Duas histórias

Era uma vez uma Maria das Coibes qualquer que engravidou sem querer (com todo o respeito que tenho pela Maria das Coibes e por quem engravida sem querer) - porque pensava que não estava no seu período fértil - e não quis fazer um aborto, contra aquilo que o magnata da região - que a engravidou sem querer, porque pensava que ela tomava a pílula - pretendia. A Maria das Coibes queria ganhar uns trocados com o casamento ou pensão que o dito magnata seria obrigado a pagar. O magnata queria a sua reputação incólume e explicava também que o "ainda não bebé" não nasceria do amor de ninguém. Mas a Maria não podia ser obrigada a abortar e não abortou.
Era uma vez um pobritana qualquer que se apaixonou pela madame da zona (com todo o respeito que tenho pelos pobritanas e pelas madames da zona) e se encontrou com ela à socapa, numa noite em que o monsieur partiu para o aeroporto para seguir rumo a uma terra qualquer em que haja animais com chifres. Entre o pobritana e a madame houve um acto sem preservativo, porque o pobritana não se importou, a madame não gostava de coisas de plástico e tinha dinheiro suficiente para ir a uma clínica privada remediar a coisa com a maior das confidencialidades. A coisa aconteceu e o pobritana pediu para o filho nascer, mas a madame recusou, dizendo que o corpo era dela. E fez-se um aborto.


Senso comum: AMEN


E os direitos dos homens???

Saturday, January 13, 2007

clara percepção da negra verdade

da oculta verdade.

que nos faz jogar à sabedoria

na ingénua mentirosa esperança

do absoluto.



verdade tenho para mim

verdade única minha.

céptica verdade

dos recuos e avanços

da procura incessante.



o niilismo construo

na vida minha relativa.

construção no desmoronamento

do que rege o que deveria ser

com todo o sentido no sem sentido.

Thursday, January 11, 2007


Nua noite aquela que marcou o nosso casual encontro que fazia cumprir o destino por alguém traçado. Entrei no "Misturas" com o Filipe para beber um vodka bull e, sentado na cadeira com a cabeça encostada na parede, aprisionar nos ouvidos os sons que electricamente disparavam no ar. A seguir, entraste tu de calças de ganga rasgadas, com um casaco preto, justo, com o fecho aberto na frente, com pêlo branco a rodear o carapuço. Por dentro, azulada pelas luzes, vestias uma camisola branca com um decote que me forçou a erótica imaginação. Vi-te umas All Star pretas calçadas. Era a segunda vez que te via naquela noite. A primeira tinha sido ao pé da Estátua de D. Duarte. Estavas tu isolada calada imóvel no meio das tuas amigas histéricas que se riam às gargalhadas com uma Sagres na mão.
Quando entraste falei sobre ti ao Filipe. Sentaste-te na mesa mesmo atrás da nossa. O Filipe disse para ir falar contigo. Não tive vergonha. Fui. O ambiente fazia-me compreender que nada era impossível. Puxei uma cadeira e sentei-me mesmo ao teu lado. Coraste. As tuas amigas olharam-se com uma cara estúpida de riso contido e levantaram-se, constatando a realidade de que estavam ali a mais. Sem uma única palavra, envolvi-te o pescoço com a minha mão direita e toquei-te nos lábios com os meus. Logo cedeste e me beijaste como se me amasses de verdade. Elogiei-te o preto cabelo moderadamente comprido. Filtrei os teus olhos azuis nos meus.
Pegaste-me na mão e correste comigo para fora do bar, para fora da Sé, obrigaste-me a despedir-me do Filipe.
Entrámos num apartamento, era o teu, os teus pais não estavam...

Sunday, January 7, 2007

Liberdade

Oh!, sonho da minha vida,
Oh, mas que vida tão doce.
Posso querer o que eu quiser?
“Sim, podes” – disseste-me tu!!!
E eu quero entrar em ti.
Flutuo nos teus braços,
Sinto arrepios emocionais de adrenalina.
Idealizo o meu desejo,
Digo “Quero-te!” e consigo ver-te.
Não, é impossível fugires-me,
Porque eu estou no meu sonho
E quero-te… mais que tudo.
Posso agora sentir-te,
Olhando apenas fotografias,
Perscrutei a tua alma,
E, assim que desvaneceste,
Penso noutra coisa.
Idealizo mais e mais!
Quero estar fora do mundo
E consigo – aqui sou o Todo-Poderoso.
E digo que fora do universo há outra coisa.
E não estou errado – a Verdade é a minha.

Tuesday, January 2, 2007

Em busca de ti...



Onde estás?
Procuro-te a toda a hora, a cada fugaz segundo, nas gavetas da minha memória. Procuro imagens de ti. Escuto a gravação da tua voz e do teu riso...
Nego a tua existência real, mas... sinto-a!
Não consigo racionalmente acreditar que ainda aqui estás, acredito apenas na memória que tenho de ti. E tenho pena por isso... porque te queria como ser individualizado, como ser não imaginado...
Tenho pena de, pelos sentidos, nunca mais poder sentir a tua presença.
De não te poder ver, ouvir, de sentir o perfume que te caracterizava...
E, porém, parece que tudo isso sinto ao lembrar-te! Porque a minha memória não se esqueceu de ti... também sente a tua falta. Tem saudades de armazenar novas imagens de ti e quer deixar de recorrer simplesmente ao passado.
Talvez por isso, eu próprio procure incessantemente um sinal teu... ou sinta ver algo de ti em cada pormenor deslumbrante da natureza.
Quem sabe se, um dia, no cinzento dos meus sentimentos e das minhas buscas, eu te encontrarei descendo de um raio de luz que brilha para me iluminar...
E quem sabe se nesse reflexo eu possa ver um pouco mais de mim próprio...